terça-feira, 3 de março de 2009

O MOTORISTA DE TÁXI QUE ODEIA CARNAVAL...

Carol é minha fisioterapeuta. Uma jovem formada pela UFJF, morando e trabalhando em Resende, e fazendo pós-graduação no Rio de Janeiro. As aulas acontecem duas vezes por mês, sempre durante um sábado e um domingo.






Muito bem. Semana passada, durante a sessão de fisioterapia, ela comentou que havia recebido um email confirmando as aulas, apesar do Desfile das Campeãs, no sábado, e dos blocos carnavalescos e da decisão da Taça Guanabara no domingo.





Sem intimidade alguma com a cidade maravilhosa, Carol estava apreensiva pensando em como chegar ao curso, pois muitas ruas estariam fechadas por causa do Desfile das Campeãs, dificultando o trajeto. A solução era descer na rodoviária e pegar um táxi. E assim ela fez.





Às cinco horas da manhã de sábado, embarcou no ônibus para o Rio. Desceu na rodoviária, pegou um táxi, e fez o mesmo na volta. No domingo, a mesma coisa. E lá estava ela na rodoviária Novo Rio. Dirigiu-se ao guichê do táxi pré-tarifado, pagou e entrou no carro. Mal sabia o que a esperava...Hoje, durante a sessão, ela me relatou o episódio. A coisa toda aconteceu mais ou menos assim:







Carol entrou no táxi. Um senhor com feições meigas e aparência simpática estava ao volante.





- Bom dia. Av. Mem de Sá , por favor - disse com sua voz baixa e suave.






Ao anunciar o destino da viagem, o motorista surtou e ela quase infartou de susto. O motorista olhou para trás, fixou os olhos nela e, num misto de indignação e revolta, disparou:




- Eu não acredito! Não é possível! Eu não acredito que você vai pra lá! As ruas estão fechadas por causa desse maldito carnaval. Vou ter que dar uma volta danada. E eu que saio no prejuízo! Quanto eles te cobraram? Me dá o recibo, me deixa ver quanto eles te cobraram!



Meio que atônita Carol revelou a quantia, antes mesmo de entregar o recibo:





- Paguei R$ 22, disse assustada.





- Ta vendo? Vinte e dois reais! Eu que me dano! Eu que fico no “prejú!” Não acredito que você vai pra lá! Tem certeza que quer ir pra lá? Vou ter que dar uma volta danada!




Apesar da baixa estatura, da voz suave, do semblante tranquilo e de uma educação exemplar, Carol é firme. Então, olhando bem nos olhos dele, ela esclareceu:





- Olha, eu não quero ir. Eu preciso ir. E já estou atrasada, portanto, o senhor faça o favor de ligar o carro e me levar à Av. Mem de Sá.




O homem, indignado e revoltado, reclamou durante todo o trajeto. Ela foi pensando: “Esse maluco daqui a pouco abre a porta e me joga pra fora do carro. Mas eu paguei e ele vai ter que me levar. Se o trânsito está ruim, a culpa não minha”. E o motorista prosseguiu reclamando, xingando, rogando praga a todos que gostam de carnaval...





- Detesto carnaval! Odeio carnaval! O trânsito fica uma loucura, as ruas são fechadas, só temos prejuízo. E você sabe o que é pior? O pior é que ano que vem tem carnaval de novo!!! - reclamou o motorista, totalmente inconformado.



Para completar, o sujeito entrou numa rua que não deveria entrar.





- O que o senhor está fazendo nessa rua?





- Você disse que era para virar aqui.





- Não, eu não disse isso. Eu disse para o senhor continuar na Mem de Sá. Olha, eu também não curto carnaval, mas marcaram aula para esse fim de semana e eu vim para isso.




- Agora vou ter que dar outra volta? Por que você não desce aqui e vai andando?



- Não, eu não vou descer aqui e andar até lá. O senhor se distraiu e entrou onde não deveria entrar, portanto, pode dar a volta que tiver que dar, mas me deixe no endereço certo – falou Carol, muito segura.






E lá foi o motorista, p... da vida. Outra volta e mais uma ladainha de reclamação. Sim, ela conseguiu chegar ao destino. Atrasada, mas chegou. No intervalo, relatou para as colegas o que havia acontecido. Tanto táxi e ela escolheu logo um motorista estressado, à beira de um ataque de nervos!





Rimos muito enquanto ela contava a história. Se esse motorista fica nesse estado de nervos durante o carnaval, no próximo ele infarta, ou mata um passageiro de susto, ou fica desempregado. Pode isso? Qual seria sua atitude se isso acontecesse com você? É cada uma que acontece....rs.




4 comentários:

Vivi Damásio disse...

Adorei o texto...e fiquei me imaginado no lugar da moça.
Sou tão boba que o mais provável era que pedisse desculpas ao taxista e fosse a pé....

Anônimo disse...

Ai, Nice, até revi a cena...com certeza, têm coisas que só acontecem comigo...rs
beijos,
Carol

NICE PINHEIRO disse...

kkkkkkkkkk...Pois eu queria ter presenciado tudo isso...Estava escrevendo e imaginado a cena toda...pela segunda vez, é claro..rsrsrs...
bjs linda
Nice Pinheiro

NICE PINHEIRO disse...

Pois é Vivi. Também imaginei essa possibilidade caso acontecesse comigo..kkkkkkkkk...O problema é que sou oito ou oitenta...Ou eu ia a pé ou partia pra ignorância...kkkkkkkk.
bjs querida
Nice Pinheiro