terça-feira, 17 de março de 2009

NOVA OU VELHA ORTOGRAFIA?...

Francisco Miguel de Moura






Essa minirreforma ortográfica foi concebida e realizada (?) para atender a três propósitos não muito claros:




a) tornar monolítico, igual, o português escrito em todos os países lusófonos;
b) para tornar o português uma das línguas oficiais da ONU;
c) girar riquezas (para uns e outros não) na mudança de todo o universo do livro: textos, dicionários, mapas etc. onde só ganham editores, livreiros, gráficos, etc. e o resto da população sai perdendo e perdida entre tantas regras, uma barafunda.




Para que nós queremos a oficialização de K, W e Y, se já bem as usamos nos nomes estrangeiros, quando necessárias?



Comentando esta nova (ou velha) ortografia, a coluna de José Simão, no sítio http://scrittaonline.com.br/artigos, diz ironicamente e com todas as sílabas: “A reforma ortográfica de 1931, fez o contrário, retirou as letras K, W e Y da língua portuguesa. Veja que o nome Ivone, hoje é só com “I”, mas naquela década todas as Ivones eram com ípsilon: Yvone."




Eu perguntei ao professor Pasquale Cipro Neto: a Academia Brasileira de Letras vai indenizar as coitadas das Ivones? Ele acha difícil, pois "os imortais já são ruins em português, imagine em matemática…" E acrescenta: "Uma curiosidade é que a língua portuguesa é a única no mundo que é legislada. Outra coisa, a lei entrou em vigor em janeiro deste ano, mas temos até 2012 pra nos adaptarmos, isto quer diz que nesse período tanto faz escrever certo como errado."





Graças a Deus, o trema saiu totalmente de cena, para mim ele já não existia há muito tempo. Tranquilo com trema ou sem trema é a mesma palavra, pronuncia quem sabe e quem quer, como sabe e como quer – e é entendido perfeitamente.



Quanto ao capítulo do hífen, é um caso sério.




Eu já o achava um estorvo, colocando como entendia. Ex.: posgraduação assim, agora continua assim pósgraduação, mas com o acento agudo. Para quê? Como com o trema, minha atitude foi sempre de briga – ele não existia.




Vejamos: auto-escola ou autoescola? Auto-estrada ou autoestrada? Micro-ônibus ou microônibus. Hidro-avião ou hidroavião? Vicepresidente ou vice-presidente? Dizem que a última alternativa é a correta. Mas nas duas formas a palavra é bem entendida.




Outro caso: pão-de-ló ou pão de ló? Ninguém sabe o que é ló. Por que não se aportuguesa para “pandeló”, que é como o pessoal do interior diz?



O hífen – tal como o hímen – é totalmente desnecessário, só atrapalha.




As regras desta nova ortografia são todas exceção, não têm (é assim, é?) sentido lógico.



Para mim, o hífen continuará desaparecido: ou a palavra fica separada sem hífen (pão de ló) ou se junta como anteontem, subproduto, minirreforma (como minissaia), não importa o que o vocabulário oficial vai registrar. Importa é que todos vão entender e saber escrever melhor, sem levar uma gramática e um dicionário a tiracolo.





Depois, eu só escrevo à máquina (leia-se computador) e, naturalmente, na data prefixada, todos os programas já farão a correção automática de acordo com o vocabulário oficial.

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