segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ALEH FERREIRA: UM ESPETÁCULO!

Faz pouco tempo que conheço o seu trabalho, mas tornei-me fã de carteirinha ao ouvir os primeiros acordes do seu bandolim no CD Sonhos, o primeiro dos sete já gravados até hoje. Isso aconteceu em 2003 e, desde então, nunca mais parei de ouvir e me deliciar com o bandolim de Aleh Ferreira.





Sonhos, gravado em 1993
O violão entrou na vida deste paulista nascido sob o signo de escorpião, aos seis anos. O cavaquinho chegou para ele aos nove e o bandolim, seu companheiro inseparável até hoje, aos 11. Com 13 anos já era profissional, dividindo o palco com gênios do quilate de Altamiro Carrilho, Nelson Cavaquinho, Noite Ilustrada, Ataulfo Alves, Moreira da Silva, Demônios da Garoa e tantos outros nomes da música brasileira. O filho de "seu" Renerio e "dona" Lavize teria um futuro brilhante como instrumentista e compositor.










Aleh Ferreira e seu bandolim



O primeiro CD foi gravado em 1993, com obras suas e de autores variados. De lá para cá são sete Cd’s, com destaque para o álbum Aleh Ferreira Ao Vivo, gravado ao vivo no projeto instrumental SESC Paulista. Hoje, este grande bandolinista já soma mais de 60 composições próprias.







O Trio Quintessência foi fundado por ele em 2001, levando-o aos EUA e à Rússia para uma série de apresentações. A direção da Orquestra Sinfônica de Moscou descobriu o compositor e seus concertos para flauta e para clarinete foram interpretados pela orquestra e devidamente registrados em CD. Um espetáculo! E em 2007, a convite do maestro Cláudio Cruz, tocou ao lado da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e do cantor Toquinho.







Aleh e Altamiro Carrilho


As várias e marcantes experiências resultaram num trabalho diversificado e de grande valor musical. Afinal, uma das características dos escorpianos é transformar e regenerar todas as coisas. E é isso que ele faz quando apresenta o choro nas mais diversificadas combinações instrumentais. Ousando, criando e inovando, Aleh surpreende de todas as formas. Seus arranjos são simplesmente fantásticos!







Com bandolim e orquestra sinfônica, Aleh toca clássicos da música brasileira acompanhado de uma orquestra sinfônica, com arranjos de sua autoria. A diversidade de timbres da orquestra unida ao som do bandolim mistura o popular e o erudito, tornando o show atrativo e dinâmico.








CD gravado com a Sinfônica de Moscou




Acompanhado de um violão seis cordas e percussão, Aleh explora o repertório da MPB de forma dinâmica e virtuosística. Com esta formação o compositor foi um dos 24 selecionados para o 7.o Prêmio Visa, dentre mais de 500 inscritos em todo o Brasil.
A formação de bandolim, violão, cavaquinho e pandeiro dá ao show uma visão tradicional do Choro, tocado como foi criado. Aqui, ele caminha pelo repertório de Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, e outros grandes compositores do gênero.






Aleh e Toquinho
No Quarteto de Cordas clássico o bandolim é acompanhado por dois violinos, viola e violoncelo, resultando num magnífico trabalho onde são executadas pérolas da MPB como Tico-tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, Qui nem Jiló, de Luiz Gonzaga e Sampa, de Caetano Veloso, dentre outras.
Já a união incomum do bandolim, violão e violoncelo, formação do Trio Quintessência, torna o show alegre e virtuosístico. No repertório constam gêneros brasileiros e de outros países, como o Tango, o Jazz e o Flamenco. Este show encerrou o IV Festival de Música Ibero-americano na sala Tchaikowsky, em Moscou, na Rússia.

O bandolim de Jacob foi parar nas mãos de Aleh Ferreira





Mas a maior emoção de toda a brilhante carreira de Aleh Ferreira aconteceu em 21 de dezembro de 2008, quando num show em homenagem à Jacob do Bandolim, em São Carlos, interior de São Paulo, a filha do mestre do bandolim, Elena Bitencourt, passou às mãos de Aleh o instrumento que pertenceu a seu pai. Nesta entrevista, ele fala sobre o Choro, sobre seus projetos e sobre a MPB, além de desvendar suas preferências musicais e pessoais.




Com vocês, Aleh Ferreira, um instrumentista e compositor arrojado e audacioso. Um espetáculo!




Como, quando e onde despertou o interesse pelo bandolim?





No momento em que meu pai me levou à fábrica de violões Del Vecchio, na Rua Aurora, Centro de São Paulo. Lá ouvi pela primeira vez o som do bandolim, tocado pelo querido e saudoso Evandro do Bandolim. Tinha 11 anos de idade e a partir desse dia não parei mais de tocar.









Em sua opinião, o que deve ser feito para que a população tenha mais acesso ao Choro e para que este gênero musical possa livrar-se do estigma de ser elitizado?


Acho que o Ministério da Comunicação deveria exigir das emissoras de TV a transmissão de programas dedicados não só ao Choro, mas à cultura brasileira em geral. Não é pedir muito, pois quem dá a concessão para as emissoras é o governo através deste ministério e, quando é do interesse dele, ele obriga as emissoras a transmitir o que querem, como é o caso do horário eleitoral gratuito, baseando-se em Lei. Enfim acho que o governo deveria aprovar uma Lei obrigando todas as emissoras a dedicar 1 hora (ao menos 1 hora) de sua programação à cultura da qual faz parte o Choro.






Você acumula experiências incríveis com vários estilos de apresentação. Como é experimentar vários instrumentos no Choro, como viola, violinos, violoncelos e outros?


É uma delícia! Quando experimentamos instrumentos diversos no Choro, saindo da formação tradicional (violão, cavaquinho e pandeiro), damos oportunidades para que outros músicos conheçam o Choro. E, em geral, eles se surpreendem com a riqueza deste gênero.






Existe previsão para o lançamento do próximo CD?


Previsão não, mas projeto sim, e muitos. Um deles é gravar novas músicas de minha autoria com a Orquestra Filarmônica de São Petesburgo, da Rússia. Trata-se de um projeto ousado que requer uma boa captação de recursos de patrocinadores.







Qual é a sua impressão sobre o atual cenário da música brasileira? (pergunta feita por Lais Amaral)


Tenho a impressão da ausência de amor nas atuais composições, o que muito me incomoda. Não mais vejo um compositor criar uma peça com sentimento. Vejo as pessoas fazendo "música" pensando em agradar a um público "X" para se projetarem. Ao contrário dos sambas de antes, as novas composições são feitas para entrar no mercado da música descartável. Fico imaginando Cartola compondo "O Mundo é um Moinho", porque sua filha, muito nova, decidiu sair de casa e viver sua própria vida, ou Jacob do Bandolim compondo "De coração a coração" para seu cardiologista, após um infarto. Isso para mim é o máximo do sentimento numa composição. Claro que ainda existem compositores deste nível, mas eles não aparecem.







Nome: Alexandre Ferreira

Local e data de nascimento: São Paulo, 27 de Outubro de 1966

Cidade onde mora: São Paulo

Formação: autodidata

Estado civil: separado
Filhos: um filho com 11 anos

Instrumentos que toca: violão, cavaquinho e bandolim

Experiência profissional: ter acompanhado a gravação de 2 concertos de minha autoria pela Oquestra Sinfônica de Moscou, na Rússia.

Compositor preferido: hum..... difícil dizer, pois são tantos.....

No Choro: Pixinguinha

No bandolim: Jacob

Na flauta: Altamiro Carrilho

Na música Erudita: Tchaikowsky

Músico: aquele que lê uma partitura.

Instrumentista: aquele que toca com a alma.

Música preferida: De Coração a Coração (Jacob do Bandolim)

Momento de maior emoção em sua vida: ter homenageado Jacob do Bandolim, tocando com seu próprio instrumento. Esse acontecimento foi grandioso para mim enchendo-me de vaidade, mas acima de tudo gratidão. Passei a minha vida inteira ouvindo o som deste bandolim desde meus 11 anos de idade. Nunca imaginei que ele cairia em minhas mãos. Meu Deus, era o mesmo bandolim que tocou com Elizeth Cardoso naquele histórico show no Teatro João Caetano, no Rio, e que gravou vários LPs do querido mestre. Quando Elena Bittencourt entregou o bandolim de seu pai para mim, confesso que me senti mais homenageado que Jacob. Sabia que toda a escola bandolinística do Brasil tinha começado ali, naquele bandolim.

Cd's: Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Zimbo Trio ao Vivo

DVD's? sem preferência

Cantor: Noite Ilustrada

Cantora: Elza Soares

Grupo musical: Trio Quintessência
Um sonho: ver um Brasil melhor e mais justo com seus verdadeiros artistas.

Cor: azul
Esporte que admira: tênis

Esporte que pratica: caminhada

Praia ou montanha: Montanha com vista para a praia.

Filme: Amor Além da Vida

Lugar para namorar: todos! Namorar é bom...

Cidade: Rio de Janeiro

País: Brasil

4 comentários:

Anônimo disse...

Nice, sou uma fã antiga deste grande músico e instrumentista. Acompanho a sua carreira desde o início e sei o quanto ele lutou e ainda luta para levar a nossa música a um nível de reconhecimento merecido.
Parabéns a você Nice pelo seu blog e ao grande músico e bandolinista Aleh Ferreira.
Abraços, Lourdes Fraccaro

NICE PINHEIRO disse...

Oi Lourdes, tudo bem? Pois é, demorei um pouco para descobrir Aleh Ferreira, mas, depois que descobri, não largo mais..rsrs...Obrigada pela participação e pelo elogio ao blog.
bjs
Nice Pinheiro

Anônimo disse...

Ficou,muito bom...Parabéns pela entrevista e ao Alexandre...Um abração!!!

NICE PINHEIRO disse...

Olá Toinho, que bom te ver por aqui! Obrigada pelo elogio e pela participação.
bjs
Nice Pinheiro