QUEM PROCURA, ACHA....

Tenho mania de ligar a televisão antes de dormir e ficar zipando, na esperança de encontrar algum programa que desperte meu interesse. Ontem, não foi diferente. Enquanto passava um creme hidratante nos pés (sim, os pés devem ser macios, sempre), liguei a TV e comecei minha busca. E encontrei. Na TV Câmara, que - diga-se de passagem - sempre oferece programas culturais de altíssimo nível. Flávio Venturini, em Talentos.

Tudo de bom! No repertório, Noites Com Sol, Céu de Santo Amaro, Nascente, e tantos outros sucessos da carreira de Venturini. Em determinado momento, entra em cena Eduardo Rangel: os dois cantaram Besame (a orquestra, já nos chamou...). Lindo! Só então conheci Eduardo e suas composições. Fiquei enlouquecida com “Noves Fora”. Que letra, que música! Como um compositor assim fica escondido? E o arranjo para “Valsa Brasileira”, de Chico, foi simplesmente tudo de lindo! Hora de encerrar o programa. Ninguém merece! Tudo que é bom, dura pouco. Mesmo. Flavio Venturini se despede. Com Espanhola, claro. Um espetáculo! Mas não acabou por aí....

Outra vantagem desse canal é a ausência de intervalo comercial. Maravilhoso! Logo depois de Talentos, com Venturini e participação especial de Eduardo Rangel, outra agradável surpresa. E mais um motivo para adiar a hora de dormir. Sintonia: Ininá Simões entrevista Joyce, que agora é Moreno. Quase meia-noite e meia.E como dormir enquanto rola uma entrevista desse nível? Nem pensar! Se preciso for, palitinho nos olhos...rs.

Joyce, a jornalista que optou por ser compositora (e de altíssimo gabarito, por sinal), falou sobre sua carreira, sobre o livro que lançou há alguns anos e rapidamente se esgotou (Fotografei Você na Minha Rolleiflex), sobre sua nova turnê na Europa, sobre seus trabalhos atuais e sobre a música de hoje. Encantadora a entrevista!

Coincidentemente, eu e Mary Dutra conversamos há dois dias sobre o assunto. Comentávamos sobre a pobreza de nossa música. É verdade. Estamos paupérrimos em matéria de música. A carência de compositores é enorme! E Joyce confirmou.

Onde estão Chico, Caetano, Ivan, Djavan, Toquinho, os irmãos Caymmi, os irmãos Valle, e tantos outros que nos brindaram com composições brilhantes e completas: letra, melodia e harmonia, como frisou Joyce (Moreno) durante a entrevista.

Quando se fala em compositores geniais, não podemos deixar de falar sobre Tom Jobim, que com uma nota só fez o imortal “Samba de Uma Nota só”. É como Joyce disse: a música atual é cada vez menos música. Hoje temos os sertanejos, que só cantam em terça. Abominável. Temos o funk, que só tem aquela batida constante (mas eles chamam de música). O que virá depois? O silêncio? Acho que sim. Pelo que se apresenta no momento...