Temos um novo verbo: sarnar. Conjuga-se exclusivamente na primeira pessoa e usa-se 'y' para parecer moderno: eu sarney. O verbo sarnar é irregular, embora siga regularmente o mesmo esquema: o emprego de parentes no presente do indicativo. Sarnar é da família de empregar. Emprega-se um sarney por pessoa do discurso. É um verbo que sofre de hipertrofia da primeira pessoa. E tem recursos públicos infinitivos. O Brasil inteirojá foi sarnado algum dia.
Quem tem Sarney, claro, tem sarna para se coçar. Sarney é escroto. Renan Calheiros é repugnante. Michel Temer parece um papagaio empalhado. Todos vivem sarnando. O Brasil é o país do Sarney. A culpa, obviamente, é sempre do mordomo. Nada de novo no Senado. O mordomo da Roseana sarnou. Só ele sabia de tudo. Por isso era chamado de 'Secreta'. O Secreta é um dos atos secretos do Senado. É simples assim. Não tem segredo. Sarney não sabia de nada. Conjugar é com ele.
Conjugar esforços para empregar bem o verbo sarnar na primeira pessoa. A vida éassim mesmo. Quem pode mais, sarna mais. Ou menos? Deu no jornal:publicada a primeira foto oficial de Bo, o cãozinho da família Obama.Bo, e eu com isso! Nosso negócio é outro: publicada primeira foto da família Sarney reunida no Senado. Faltou lugar na imagem.
Há um projeto para mudar o nome do Senado para Senada. Lá nunca acontece nada mesmo. Se nada, se nada e se morre numa praia. Do Maranhão. Tudo no Senado é lento, menos a contratação de parentes. O senador gaúcho Pedro Simon é mais lento que o Índio correndo atrás do gordo Ronaldo. Sempre chega atrasado. Mas fica indignado. E dá discurso. Tarde demais: o parente do Sarney já dorme na rede. O Paim nem comenta. O problema do Senado não é o Paim. É o Painho. Painho Sarney. Painho Calheiros. E o Painho Zambiasi? Parou de falar. Anda longe dos microfones. Não quer arranjar sarna com o Sarney?
Como se sabe, há um complô para desestabilizar as instituições nacionais. A ação deletéria está comprometendo os pilares da democracia. É comandada por dois inimigos da res publica, dois elementos de vasta folha corridade maus serviços prestados à Nação, dois sujeitos sem a menor noção de bem público: José e Renan. Eles são completamente a favor da privatização ampla, geral e irrestrita. Começaram pelo Senado. É uma dupla caipira. Adoram formar quadrilha. Em festa junina. Com eles, não há fraude no Senado. A fraude é o Senado.
Uma comissão vai sustentar que não existiram atos secretos no Senado. Apenas 'atos com negação de publicidade' . Os senadores nunca mentem. Somente faltam com a verdade. De comissão, aliás, parece que muitos senadores entendem bastante. Sarney concorda com Luxemburgo: ser bem remunerado não é ser mercenário. Ser senador já é outra coisa. Alguém precisa pagar a conta. Se a torcida grita 'fora, Luxa', o eleitor se contenta com um simples 'é bucha'. O pior vem agora: Sarney revela que tem um plano (escondam as carteiras) e pede um voto de confiança. Tem mais: fala em enxugar o Senado. De novo? Até quando? Eu sarney.
juremir@correiodopovo.com.br
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