Lembra do lixo que a Inglaterra mandou para o Brasil? Continua aqui. E parte dele está “jogada” no Porto Seco de Caxias do Sul. E a Alfatech Ltda, de Bento Gonçalves, empresa que recebeu as 1.098 toneladas de lixo doméstico, encerrou as atividades. O proprietário declarou-se vítima de um golpe, demitiu 22 dos 25 funcionários e fechou as portas.
De acordo com Arildo Falcade Júnior, dono da Alfatech, a empresa fez uma compra inicial, em janeiro, recebendo 16 contêineres (cerca de 150 toneladas) de aparas de plástico, conforme o combinado. Mas ao receber a mercadoria da segunda compra, surpreendeu-se com a chegada das 1.098 toneladas de lixo doméstico.
A Alfatech estava enfrentando dificuldades desde o estouro do escândalo. Perdeu clientes e foi autuada em R$ 633 mil pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pela estocagem de lixo em Rio Grande, Santos e Caxias do Sul. Na sucessão de prejuízos, teria pago cerca de R$ 200 mil pela mercadoria aos britânicos, sem contar o frete, os impostos de importação e as despesas com o transporte marítimo. O custo operacional de cada contêiner está ao redor de R$ 3,5 mil.
A PF do Rio Grande investiga se a Alfatech sofreu um golpe dos britânicos, comprando aparas de plástico e recebendo lixo sujo. Mas também investiga a possibilidade da recicladora gaúcha estar envolvida numa operação para descarte internacional de resíduos. Na próxima semana, o Ministério Público Federal e a Receita Federal de Rio Grande começam a ouvir os envolvidos no caso.
O diretor-executivo do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, em entrevista ao Zero Hora, disse que os países ricos costumam enviar seus rejeitos para regiões pobres da África, América do Sul e Ásia, num triângulo de conivências entre exportador, transportador e importador.
– É mais barato, para eles, mandar esse lixo de navio do que providenciar o seu destino no país de origem – alertou.
Furtado ressaltou que o governo brasileiro deve agir, devolvendo imediatamente as 1.098 toneladas de lixo para a Inglaterra, para não criar um precedente.
– Se isso não der em nada, vai ficar a mensagem de que o Brasil é um bom destino para o lixo dos ricos. O Brasil precisa mostrar que esse tipo de comércio não é tolerado – afirmou o dirigente.
Pois é. Agora, fica aqui uma pergunta: por que importar lixo da Europa, ou de outro lugar qualquer? Não temos lixo o bastante no Brasil? Será que sai mais barato importar o lixo dos outros do que utilizar o nosso? Não temos aparas de plásticos suficientes para reciclagem? Gente, na boa: eu só queria entender...
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