segunda-feira, 27 de julho de 2009

DO CAFÉ PARA A CACHAÇA....






A paisagem é bucólica. Para chegar lá, percorremos uma pequena estradinha de terra. Uma porteira de madeira e uma placa: Alambique do Nosco. Enfim, chegamos.









Fazenda Valparaíso, em Engenheiro Passos, distrito de Resende, no Rio de Janeiro. Uma fazenda que foi a maior produtora de café da região. Uma sede que começou a ser construída em 1814 e foi concluída em 1830.








Janelas e portas em pinho de riga. Mais de 20 cômodos muito, muito amplos. Um casarão repleto de móveis antigos e de verdadeiras relíquias. Numa ala da casa, um corredor e seis quartos pintados pelo artista espanhol Villaronga, entre 1870 e 1880. Cada quarto com um tema diferente. Riqueza de cores e detalhes que impressionam e emocionam. Um lugar repleto de história e estórias.









Desde 1909, a Fazenda Valparaíso pertence à família Nordskog. Estive lá há algumas semanas, acompanhando o trabalho do fotógrafo carioca Rudy Trindade. Fomos recebidos por Marcelo Nordskorg, um anfitrião perfeito. Ouvimos muitos “causos”, desvendamos os segredos da fabricação de uma excelente “pinga”, vimos de perto alguns objetos da época da construção da sede da fazenda, como tijolos datados e legítimas telhas francesas. A missão de Rudy era registrar imagens do “Alambique do Nosco”, mas ele foi muito além. O lugar exala história, desperta a curiosidade, instiga...









Acompanhamos cada detalhe da fabricação da cachaça. Passo a passo. Da cana nada se perde, tudo se transforma. Após a colheita, a cana vai para a moenda. O bagaço seca ao sol e depois gera energia para a caldeira. O que sobra do bagaço vira adubo para o canavial. E o vinhoto, rico em potássio, irriga a plantação. E o processo se repete. Sempre.









O vinho (caldo de cana fermentado) ferve entre 88º e 90º, evapora, condensa e...voilá: eis a cachaça!!! Marcelo desperdiça a "cabeça" e a "cauda", usando somente o “coração” da cachaça. Nosso anfitrião explica que a boa cachaça deve ter entre 38º e 54º.










A antiga senzala abriga agora os cem barris de carvalho da Adega do Nosco. E 250 garrafas de cachaça da imensa coleção de Marcelo. Incluindo a cachaça mais cara do Brasil: Havana (agora com o nome de Anísio Santiago), fabricada em Salinas, no norte de Minas. E as garrafas de Cachaça de Alambique “Reserva do Nosco”, é claro.









Do café para a cachaça. Uma viagem e tanto. Em todos os sentidos. História e estória. Imagens e textos.





Fotos: Rudy Trindade
Texto: Nice Pinheiro





6 comentários:

Rudy Trindade disse...

Valeu, parabéns.
valorizou meu trabalho com seu texto preciso e gostoso de ler.
obrigado
Rudy Trindade

NICE PINHEIRO disse...

Obrigada Rudy. Foi um prazer acompanhar você neste trabalho. Suas fotos dispensam comentários...
grande abraço
Nice Pinheiro

raciel disse...

Nice,

Massa! (Falando nele parece que está bem melhor... Vai dar tudo certo!)... Voltando ao post, fiquei bebum só de ler... Parabéns!

[]'s,

Raciel
...

NICE PINHEIRO disse...

rsrs..Obrigada pelo comentário Raciel. Se você conhecer o lugar ficará embriagado pela beleza, pelo cheiro do passado, da terra, da cana...É muito mais do que escrevi e do que foi registrado por Rudy. É encantador. Mais uma vez, obrigada.
abs
Nice Pinheiro

Alexsander Santana disse...

Texto e fotos sensacionais, mas posso ser abusado e lhe perguntar, vc teria o contato do Alambique do Nosco para me passar?

abs,

NICE PINHEIRO disse...

Olá Alexander, tudo bem? Envie um email para nicepinheiro2004@yahoo.com.br e enviarei o contato dele. Obrigada pela participação e pelo elogio.

abç

Nice Pinheiro