Não sei quanto a vocês, mas fiquei muitíssimo decepcionada com o primeiro dia de desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Nunca presenciei tamanha apatia do público e das escolas. Havia beleza, sem dúvida. As baterias promoveram um verdadeiro espetáculo de ritmo e de “paradinhas” geniais. Mas, onde estavam a empolgação e a alegria dos integrantes das agremiações e do público do sambódromo?
Sobraram criatividade, efeitos especiais, tecnologia, luxo, luzes e brilhos. Em compensação, percebeu-se a ausência de alegria, empolgação, samba no pé, emoção!!!! O ritmo das baterias está, a cada ano, mais acelerado. Não demora muito, os integrantes das escolas terão que correr na avenida. Literalmente. À primeira batida do surdo será dada a largada!
Esse ritmo acelerado, absurdamente imposto à bateria, impede a evolução dos passistas e das alas. A preocupação exacerbada com passos marcados e coreografias, não permite a evolução natural dos componentes da escola. O resultado é um desfile bonito, mas sem emoção e alegria. Sem “tesão”. Um carnaval para turista ver. E para exibir corpos esculturais, em sua grande maioria, “siliconizados” e/ou “bombados”...
Rainhas de bateria que mal sabem sambar! Apenas e tão somente desfilam, exibindo-se para o público e garantindo fotos em revistas e jornais. Raras são as escolas que trazem à frente da bateria uma rainha que saiba sambar e que seja da comunidade, como faz a Beija-flor, por exemplo. Beleza natural e samba no pé, de verdade. Simples assim.
Carros alegóricos gigantescos em tamanho e tecnologia. Alguns, divididos em duas ou três partes para depois de aclopados tornarem-se um só, transformam-se em verdadeiros transtornos para os diretores de harmonia, causando os temidos “buracos”. Aconteceu com a Mocidade e a Unidos da Tijuca.
Resumindo a ópera: nenhuma escola empolgou o público neste domingo. Resta-nos esperar pelo desfile de hoje, segunda-feira. Meu coração vermelho e branco já pulsa no ritmo de um tambor. Meu Salgueiro é a segunda escola a desfilar. Se ela levantará o público do sambódromo, eu não sei. Mas, com certeza, daqui, do meu lar-doce-lar, estarei emanando energias positivas e emoção à minha escola querida. Quem sabe minha alegria e minha alma salgueirense contagiem? Uma contaminação por osmose...
O som do meu tambor ecoa... ecoa pelo ar
E faz meu coração com emoção... pulsar!
Invade a alma... alucina
É vida, força e vibração!
Vai meu Salgueiro... Salgueiro
Esquenta o couro da paixão
... Tem batuque... tem magia... tem axé!
O poder que contagia... quem tem fé! (bis)
Na ginga do corpo... emana alegria
Desperta toda energia!
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