quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

"ENTÃO FOI ASSIM?"

“AQUELE ABRAÇO, GIL!”

Era assim que os soldados saudavam o cantor tropicalista Gilberto Gil no quartel da Marechal Deodoro, Rio de Janeiro, onde ele esteve preso durante a repressão militar, no ano de 1969. Os carcereiros reproduziam um bordão usado na época pelo humorista Lilico, em um programa na TV Globo. Aquela saudação ficou marcada na mente do compositor como uma manifestação de cordialidade de pessoas que, por questões profissionais, trabalhavam num ambiente de repressão e tortura. Alguns meses depois de solto....








“O Rio de Janeiro continua lindo, O Rio de Janeiro continua sendo, O Rio de Janeiro, fevereiro e março, Alô, alô Realengo – aquele abraço, Alô torcida do Flamengo – aquele abraço”








TELETEMA


Tibério arrematou: “Não vou não. Não leve a mal, mas hoje não dá. Prefiro ficar por aqui até o sono chegar”. E realmente ficou em casa. Ela saiu com os amigos pro Baixo Leblon. Alta madrugada, voltando pra casa em Copacabana, Turquinha pegou carona com um casal de amigos, espremida no banco de trás de um Karman Guia. Ao passar nas proximidades do Jardim de Alah, o carro sofreu um grave acidente. Amanhecendo o dia, mais ou menos às seis da manhã, Tibério foi acordado pelo amigo Adonis Karan ao telefone: “Olha, eu tenho uma péssima notícia pra lhe dar. A Turquinha faleceu num desastre de automóvel. O corpo está na capela do Cemitério S. João Batista”. A notícia....







“Rumo estrada turva, Sou despedida, Por entre lenços brancos, De partida, E em cada curva, Sem ter você, Vou mais só...”









MADALENA...


“...daí tirei a idéia de que o mar era uma gota, comparado ao pranto meu. Escrevi a letra em um guardanapo com a caneta do garçon. Não tive coragem de escrever Vera Regina. Madalena foi o primeiro nome que me ocorreu”, conta em entrevista para a revista Marie Claire. Ronaldo, que na época era parceiro de Ivan Lins, encaixou a letra num samba que o parceiro havia criado e juntos transformaram uma dolorosa ruptura no sucesso de Maladena. O namoro acabou de vez, mas a música virou sucesso nacional na gravação de Elis Regina, conhecida como Pimentinha, que Ivan Lins conheceu por intermédio de Nelson Motta, em 1970, quando este selecionava músicas para o disco dela. De tanto ouvi-la no rádio, Ella Fitzgerald....






“Oh, Madalena, O meu peito percebeu, Que o mar é uma gota, Comparado ao pranto meu, Fique certa, Quando o nosso amor desperta...”









MISTÉRIOS....

Essa história é inesquecível para os dois. É que, exatamente na época, Joyce conheceu e se apaixonou irremediavelmente pelo baterista Tuty Moreno. “Tuty já morava lá há um tempão. Estava em Nova York há três anos e eu fiquei super apaixonada. E me separei do Maurício. E esse momento que eu estava vivendo, era exatamente o momento de estar super apaixonada. Então, a letra foi toda em relação a isso. Um fogo queimou dentro de mim e que não tem mais jeito de se apagar, enfim, o que rolou ali foi isso”, lembra Joyce. E o Maurício, onde ficou nessa história? ...






“Um fogo queimou dentro de mim, Que não tem mais jeito de se apagar, Nem mesmo com toda água do mar, Preciso aprender os mistérios do fogo pra te incendiar....”









Os trechos que vocês acabaram de ler estão no livro “Então, foi assim? A origem de 80 sucessos da música brasileira”, de Ruy Godinho. Difícil foi fazer a seleção de apenas quatro músicas e um pouquinho de suas histórias!














Um livro imperdível para os apreciadores da música brasileira. A idéia começou em 1997 e, após muitos anos de intensa pesquisa, em 2005 o resultado foi para o papel em linguagem simples e leve, revelando os mistérios, as inspirações e tramas que levam os compositores a criarem suas músicas, conforme escrito na apresentação do autor.

No livro, Godinho conta as verdadeiras histórias do nascimento de grandes sucessos da nossa música como, por exemplo, Carinhoso, Bicho de Sete Cabeças, Coração Brasileiro, Brasileirinho, Anna Júlia, Nó na Madeira, Amor - Meu Grande Amor, Lígia, Malandragem, Grito de Alerta, Ai - que Saudades de Amélia, O Barquinho, Drão, Irmãos Coragem, Sá Marina, Cais, As Rosas Não Falam, e muitos outros. Sem contar os quatro postados lá em cima...

É uma viagem musical delirante. Durante a leitura voltei várias vezes no tempo, embalada pelas músicas que marcaram minha geração, ou a geração de meus pais, e até de minha filha, como Anna Julia e Malandragem.

Se você ainda não teve o prazer de ler “Então, foi assim? A origem de 80 sucessos da música brasileira” e ficou curioso, saiba que o livro está disponível na livraria Cultura ou pelo site, http://www.livrariacultura.com.br/. Quem preferir, pode adquirir um exemplar através do e-mail da editora, abravideo@abravideo.org.br .

E quer saber uma novidade? Ruy Godinho já avisou que o “Então, foi assim? A origem de 80 sucessos da música brasileira - Volume II” está em andamento e em breve estará no prelo....E de lá para minha estante...rsrsrsrs. Gente, amei o livro! Tudo de bom!





* Ruy Godinho é paraense, produtor multimídia, pesquisador, radialista, ator, diretor, escritor, divulgador de MPB, e produtor e apresentador do Programa Roda de Choro, na Rádio Câmara FM, Brasília, retransmitido pela Rádio Roquette-Pinto FM, no Rio de Janeiro.

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