...O presidente Lula, assim, teve total razão em se pronunciar pessoalmente a favor da ciência e do progresso, da mesma forma que, segundo o Ibope, três quartos da população brasileira. Claro. Impedir o avanço de pesquisas científicas? Absurdo total. Aceitar os fragilíssimos argumentos do advogado Cláudio Fonteles, ex-procurador geral da República, significa defender o retorno do universo à era das cavernas, à era das trevas como a que, há muitos milênios, antecedeu a descoberta dos sentidos, da inteligência, da razão. Do processo que conduz ao movimento eternamente evolutivo da humanidade.
...Duas pessoas colocaram magnificamente a questão essencial: a cientista Mayana Zatz, na entrevista à "Veja", edição de 2 de março, e minha mulher, Elena. Mayana Zatz sustentou que os embriões objeto das investigações científicas são todos resultantes de fecundações em laboratórios de fertilização e só começam a ganhar vida - mesmo considerando os argumentos religiosos contrários - a partir de sua introdução no útero materno. Há muitos embriões congelados? Um deles completou dezessete anos. O que fazer com todos eles? Jogá-los fora? Mas um católico não pode defender tal atitude, pois se ele acha que os embriões vivem, atirá-los ao lixo significa matá-los friamente. Sem proveito para pessoa alguma.
Com muito mais razão. Os embriões não têm cérebro. Aquele que está morrendo, e que se torna doador, possui cérebro. Seu coração pulsa. O centro nervoso, isso sim, está em falência. Mas sua passagem total na face da Terra somente se esgota quando os órgãos são retirados de seu corpo. O pensamento da minha mulher é brilhante a aponta para uma falsa contradição religiosa que só o fundamentalismo, e sua irmã-gêmea, a auto-hipnose, em conjunto, conseguem explicar.
Aqui cabe recordar a declaração de uma criança à pesquisadora Mayana Zatz. Ela perguntou: "por que não abrem minhas costas e colocam uma pilha para eu andar ao lado das minhas bonecas?", disse. Pois é...

Proibir seu uso a qualquer pretexto, como sustentou Mayana Zatz, sobretudo sua aplicação científica à luz do princípio supremo da ética humana, é algo tão absurdo como seria proibir a invenção do Radium, de Madame Curie, a psicanálise de Freud, a relatividade de Einstein, a Penicilina de Richard Fleming, a Tetraciclina, cujo inventor agora não me ocorre o nome, e por aí vai. Seria o mesmo retrocesso que, sem êxito, a Igreja Católica em 1610 tentou impor a Galileu que apenas achava que o planeta era redondo e não quadrado. A Igreja Católica vive em busca de dogmas para sustentar a fé.
Não há problema nisso, para os católicos. Dramático é que os católicos conservadores (pois há também os de vanguarda) desejem impor tais dogmas aos outros. Tentando isso, confirmam a impossibilidade de a religião conviver com a lógica e, portanto, com a ciência. Tentam refugiar-se no passado. Temem a luz do futuro que brilha no horizonte da vida e sempre iluminará o caminho do futuro. Querem a involução. Não a evolução natural das coisas.
Concordo plenamente com tudo que Pedro escreveu.
E você?
Você é a favor das pesquisas com células-tronco?
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