quinta-feira, 14 de maio de 2009

A ALMA BRASILEIRA PARA O MUNDO VER...

A pintora Tatiana Ratinetz, cria do MAM Resende, é premiada em Nova York e representa o Estado do Rio de Janeiro em mostra de arte brasileira na Europa



A artista plástica resendense Tatiana Ratinetz acaba de receber medalha de bronze do júri popular da ArtExpo, mostra internacional que aconteceu em março no Centro de Convenções Jacob Javitz, em Nova York. O júri popular da exposição – considerada a maior do mundo, por reunir artistas de mais de 60 países – a elegeu a terceira melhor do stand Brasil, na categoria pintura contemporânea. Agora, Tatiana, com dois colegas fluminenses, integra o grupo de 70 pintores e escultores selecionados para representar seus Estados no 14º Circuito Internacional de Arte Brasileira – CIAB.


Sediada, este ano, na Áustria, Hungria e Eslováquia, a mostra, que foi inaugurada na semana passada (4 de maio) e vai até 6 de junho, é realizada desde a década de 90 em diversos continentes e países pelos principais curadores do país, congregados no Colege Arte, de Belo Horizonte, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores e as representações diplomáticas do Brasil no exterior.


No segundo semestre, as telas de Ratinetz vão continuar atravessando mares e ares. Em julho, estarão na Europe Art Fair, em Hannover, Alemanha. Em setembro, retornam a NY, para a galeria Ward Nasse, no Soho, onde já expôs a conhecida artista brasileira Beatriz Milharzes. O convite para as duas exposições de Nova York, bem como para Hannover, partiu da galeria paulista Eric Art, incumbida de escolher os talentos brasileiros participantes, e que solicita aos mais conceituados MAMs do Brasil, como o de Resende, indicações dos principais artistas locais. Ja à seleção para do Colege Arte de BH Tatiana chegou quando seu trabalho foi casualmente visto, na Universidade de Campinas, por uma das curadoras da instituição mineira.



A súbita visibilidade que parece estar ganhando o trabalho desta moça nascida em Resende há 30 anos, que pinta há menos de oito e é completamente autodidata, não surpreende quem conhece suas obras. Assim como não é de admirar o potencial de sucesso lá fora: pois é a própria alma brasileira que desponta, inteira e íntegra, pujante e pungente, singela , alegre e valorosa, nas cores exuberantes da cultura popular brasileira que é sua fiel temática. São as festas de São João e suas bandeirinhas, o saci, Iemanjá, a nega maluca, o Cristo Redentor, o boi-bumbá, mas que, longe de “típicos” ou "exóticos", são abordados quase que com reverência, exaltação.




– Minha fonte de inspiração é o amor que sinto por meu país e pelo povo brasileiro, por nossa cultura popular, nossas cores vibrantes e nossa alegria. Sou tupiniquim em tudo que produzo – diz Tatiana. Assim, a bandeira do Brasil e a natureza pátria, com seus peixes, flores e borboletas, são outros motivos recorrentes de uma obra facilmente enquadrável na escola naif (ingênua) não fossem a sofisticação das abordagens e a audácia criativa e técnica. Tecidos, miçangas, pedaços de renda, fuxicos, fotos, colagens, massa corrida, tampinhas de garrafa encapadas de chita e todo tipo de achados resultam em texturas lúdicas, misteriosas, desconcertantes. A menção à reciclagem é permanente e remete à militância civil de Tatiana, ativista ecológica e de causas sociais e culturais em Penedo, onde mora.



A artista tem participado consecutivamente, desde 2003, do Salão da Primavera, principal evento do calendário anual do Museu de Arte Moderna de Resende. Esteve em coletivas no Rio de Janeiro, São Paulo e Tiradentes (MG), além de em Resende e Penedo. No Parque Nacional de Itatiaia mostrou uma série dedicada ao meio ambiente, com obras sobre o trabalho da fotógrafa ambientalista Paula Romano. Em 2005, idealizou e produziu exposição vinculada ao Fórum Social Regional do Vale do Paraíba, com participação de 14 artistas da região.
Obras adquiridas estão em várias capitais brasileiras e do exterior, "levando com elas a brasilidade de uma raça mestiçada, seus mitos, suas festas e costumes", conforme escreveu a artista plástica Talitha Praça (que nos deixou no ano passado), ao registrar, num artigo, a admirada curiosidade que lhe despertou o trabalho de estréia de Tatiana no MAM. "De sua vivência infantil na roça e no interior surge o africano, trazendo nos detalhes requintados traços de sangues ancestrais europeus" – observou Talitha. Descendente, por um lado, de judeus do leste europeu e, pelo outro, trazendo nas veias o índio brasileiro, a pintora mescla em si as marcas da infância roceira em Vargem Grande e o posterior fascínio de jovem adulta pelo mundo cosmopolita contemporâneo.
Sítio: www.tatianaratinetz.com.br
Contato:
tatiratinetz@yahoo.com.br
Informações de Regina Guerra


Nenhum comentário: