terça-feira, 18 de março de 2008

RESPOSTA AO INTERNAUTA

O Projeto Aprendiz – Primeiros Passos Para a Vida Profissional vem substituir o extinto projeto Babá-Mirim, da Secretaria de Desenvolvimento Humano e Solidariedade.


Jovens do 9º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio são convidados e selecionados para participarem como aprendizes em pré-escolas, creches municipais e escolas inclusivas. O projeto tem duração de 10 meses (de março a dezembro) e os aprendizes recebem uma Bolsa de Incentivo ao trabalho no valor de R$ 150 mensais.

Para participar deste projeto, é necessária a autorização dos pais ou responsáveis. Uma reunião com os jovens e os pais explica todo o projeto e esclarece as possíveis dúvidas. Antes de assumir suas atividades, os aprendizes recebem curso de capacitação ministrado por profissionais da Secretaria de Desenvolvimento Humano e Fraternidade. Todos os jovens atuam em unidades educacionais perto de suas residências.
Os aprendizes de creche devem participar dos encontros de capacitação, apresentar mensalmente a declaração de freqüência do colégio onde estudam e, bimestralmente, o boletim escolar; observar situações relativas ao bem estar da criança, manter limpo o material utilizado e manuseado pela criança e realizar atividades recreativas junto às monitoras e professoras.
Os aprendizes de pré-escola devem participar dos encontros de capacitação, apresentar mensalmente a declaração de freqüência do colégio onde estudam e, bimestralmente, o boletim escolar, acompanhar e auxiliar os professores em suas atividades em sala de aula, acompanhar alunos em atividades extra-classe - sempre que solicitado -, organizar, manter e repor materiais sempre que necessário, e tratar as crianças de forma igualitária, não fazendo e nem permitindo situações de discriminação.
Nossas pré-escolas e creches têm em salas de aula professores e monitores devidamente qualificados. Os aprendizes são apenas colaboradores no tratamento com as crianças.
Muitos de nossos aprendizes são jovens em situação de risco, que recebem apoio e incentivo para desfrutar a vida de forma saudável, recuperando a auto-estima e a vontade de viver através do trabalho e dos estudos. Atuando como aprendizes, além da bolsa incentivo, os jovens recebem treinamento e orientação. Responsabilidade, boa educação, assiduidade, higiene pessoal, nutrição, organização, expressão verbal correta, solidariedade e relacionamento cordial, entre outros, fazem parte do aprendizado.
A prefeitura não tira o lugar dos profissionais da educação , muito pelo contrário. Nossos professores recebem cursos de capacitação ao longo do ano e auxílio para cursar graduação e pós-graduação, entre outros benefícios e incentivos.
Aos adolescentes de baixa renda, como senhora definiu, a Prefeitura Municipal de Resende, a Secretaria de Desenvolvimento Humano e Fraternidade e o Instituto da Educação do Município de Resende, oferecem a oportunidade de experimentarem uma vida digna. Estes R$ 150 podem não significar nada para a senhora, mas para estes jovens e suas famílias, esta quantia representa muito mais que algumas cédulas que podem facilitar a aquisição de roupas ou alimentos. Representa dignidade, valorização, respeito, formação de caráter e vislumbramento de um futuro melhor.
O sindicato dos professores não se manifesta porque não há motivo para tal, pois estes jovens não estão substituindo professores. Os verdadeiros representantes dos professores e profissionais da educação não se manifestam porque não há motivos para tal. Os “pseudoprofissionais da educação”, termo usado pela senhora, que compactuam com esta iniciativa, são profissionais graduados e até pós-graduados mas, acima de tudo, titulares de consciência social e moral suficientes para entender a dimensão deste projeto, que visa contribuir na formação de jovens responsáveis, educados, instruídos, informados, e, acima de tudo, com discernimento suficiente para saber identificar a diferença entre trabalho escravo e trabalho remunerado.
O percentual de jovens estagiários universitários no país, que recebe ajuda de custo entre R$ 250 e R$ 500 por um estágio de 8 horas diárias, é muito grande. Proporcionalmente, para 4 horas de atividades, nossos jovens estudantes de 9º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, estão recebendo um valor considerável como bolsa incentivo, não acha?
À propósito, os conselhos defensores dos adolescentes também não se manifestam porque não há motivos para tal, muito pelo contrário. Provavelmente, estas entidades/instituições reconheçam o Projeto Aprendiz – Primeiros Passos Para a Vida Profissional, como um projeto que visa valorizar os jovens e contribuir para a formação pessoal e profissional dos mesmos, formando cidadãos conscientes e de valor.
Respondendo à pergunta no final de sua carta:
Responda, então, a essa difícil questão: esses aprendizes (de quê?) vão ter a oportunidade de empregar o aprendizado conquistado nesse “projeto” (o quê foi mesmo que eles aprenderam?) onde?
Estes aprendizes de cidadania, dignidade, solidariedade e educação, ou melhor definindo - estão aprendendo a ser, conhecer, fazer e conviver, conforme os quatro pilares da educação do século 21, definido pela UNESCO- vão ter a oportunidade de empregar o aprendizado conquistado no Projeto Aprendiz – Primeiros Passos Para a Vida Profissional no único e mais importante lugar onde poderiam empregar. Na vida. Na construção de um futuro melhor. Na sua formação como ser humano. Na consciência social, moral e profissional, e no desejo de fazer e construir em benefício de si próprio e dos outros.
Estamos à inteira disposição para esclarecer quaisquer dúvidas que por ventura ainda existam e convidamos a senhora, ou qualquer pessoa interessada a conhecer mais de perto este projeto, a passar um dia em uma de nossas unidades educacionais para acompanhar o trabalho de nossos aprendizes.
Para terminar com suas dúvidas sobre o projeto e como forma de contribuição ao seu conhecimento, consultamos um site especializado para que a senhora entenda a diferença entre trabalho escravo e trabalho remunerado.




Trabalho escravo

O trabalho forçado pode assumir várias formas. De forma concisa, é a coerção de uma pessoa para realizar certos tipos de trabalho e a imposição de uma penalidade caso esse trabalho não seja feito. O trabalho forçado pode estar relacionado com o tráfico de pessoas, que cresce rapidamente no mundo todo. Ele pode surgir de práticas abusivas de recrutamento que levam à escravidão por dívidas; pode envolver a imposição de obrigações militares a civis; pode estar ligado a práticas tradicionais; pode envolver a punição por opiniões políticas através do trabalho forçado e, em alguns casos, pode adquirir as características da escravidão e o tráfico de escravos de tempos passados.
A seguir, alguns exemplos, começando pela escravidão por dívida. Um pequeno agricultor do interior é recrutado para trabalhar numa plantação distante de sua área de origem durante a época da colheita. O recrutador oferece ao agricultor um adiantamento em dinheiro, sendo que o agricultor concorda em pagar sua dívida trabalhando na plantação. Já trabalhando na plantação, o pequeno agricultor tem que comprar comida e outros bens no armazém da fazenda, todos com preços inflacionados. Ele ou ela endivida-se cada vez mais, e um círculo vicioso de escravidão por dívida começa. Nenhum sindicato participa desse processo para dar assistência aos trabalhadores - eles estão isolados e não têm a quem recorrer. Na colheita do próximo ano, o trabalhador talvez traga sua família, desse modo ele aumenta a rede do trabalho forçado e priva seus filhos do direito de ir à escola, por exemplo. Um tipo parecido de escravidão por dívida existe em sociedades rurais tradicionais dominadas por grandes proprietários de terra. Em outros casos, envolve o comércio de crianças. Esses tipos de trabalho forçado se alimentam da pobreza e do desconhecimento que perpetuam a prática.
Outro tipo de trabalho forçado que está se espalhando é o relacionado ao tráfico de pessoas. Um jovem ou uma jovem podem ser seduzidos pela oferta de um trabalho legítimo num restaurante, clube noturno ou casa de família em uma cidade grande distante. Ingenuamente, eles concordam em viajar clandestinamente para um outro país, freqüentemente pagando caro pela viagem e tendo o compromisso de pagar sua dívida com o trabalho futuro. Mas logo depois que chegam, os traficantes tomam seus passaportes e seu dinheiro e os forçam a trabalhar em empresas de fundo de quintal ou, pior, no mercado da prostituição. Os casos mais terríveis envolvem adolescentes e crianças.
Esses exemplos de trabalho forçado estão em parte relacionados com circunstâncias econômicas. Mas fatores políticos também podem estar por detrás do trabalho forçado, como ocorreu durante o domínio de Hitler e de Stálin no século passado e em alguns momentos mais recentes.
Tendo por detrás motivos políticos ou econômicos, o que é certo é que o trabalho forçado suprime a liberdade do ser humano. Não há lugar para isso no século XXI.


Fonte de pesquisa:
Site da Organização Internacional do Trabalho – OIT -
Nice Pinheiro

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