terça-feira, 18 de março de 2008

CARTA DO INTERNAUTA: APRENDIZ DE QUE?

Por Anastácia Zaravegna(zaravegna@hotmail.com)

O projeto da prefeitura de Resende “Aprendiz - Primeiros Passos Para a Vida Profissional”, prevê que alunos do 9º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio trabalhem em escolas e creches municipais por 20 horas semanais com uma “ajuda de custo” mensal de R$150,00 (cento e cinqüenta reais). Isso mesmo! Acreditem se quiser.
Se dobrarem a carga, ou seja, 40h semanais vão ganhar R$ 300,00 e isso nem chega perto de um salário mínimo. Isso não lhe parece um abuso ou um quase trabalho escravo?
Há quem, certamente sem refletir, apóie a iniciativa e ainda por cima consiga enxergar “boas intenções”. Mas vamos pensar assim: quem tem que trabalhar em escolas e creches, dentro das salas de aula, são profissionais qualificados para tal. Cursam Formação de Professores, fazem faculdade de Pedagogia ou Normal Superior, especializam-se em Educação Infantil, em Literatura Infantil, em Recreação, Puericultura ou outro curso pertinente. Auxiliar de classe é um cargo que exige formação, responsabilidade profissional e autonomia em relação aos conhecimentos pedagógicos. A escola verdadeiramente responsável contrata um PROFISSIONAL para ser auxiliar do professor titular. Ou estou enganada? Ou qualquer um, com boa vontade, mas totalmente despreparado, pode ser auxiliar de classe?
A prefeitura tira o lugar desses profissionais a quem deve pagar o piso salarial previsto para a classe e recruta adolescentes de baixa renda que, encantados com o “ouro dos tolos”, abandonam as oportunidades de instrumentalizar-se para um futuro melhor e engajam com uma enorme boa vontade nessa canoa furada. No fim do ano sem aprender nada que preste verdadeiramente, eles são dispensados sem direito a férias remuneradas, 13º salário, fundo de garantia, etc. Boas essas intenções se pensarmos que os cofres públicos ficam abarrotados para bancar os “interesses de poucos”, se é que me faço entender, e péssimas intenções se pensarmos na quase nenhuma importância que o município dispensa ao aprimoramento da formação desses adolescentes e para a qualidade da educação municipal, quando ao invés de requisitar profissionais preparados para tal preferem os baixos custos da mão de obra não especializada.
Onde está o sindicato dos professores que deveria lutar pelos direitos da classe que o sustenta?
Onde estão os verdadeiros representantes dos professores e profissionais da educação?
Quem são esses pseudoprofissionais da educação que compactuam com essa barbárie?
Onde estão os conselhos defensores dos adolescentes?
Onde estão os pais que acreditam que seus filhos, quando na escola, estão sob cuidados de pessoas preparadas e responsáveis?
Aposto que se a escola particular dispensar professores formados e substituí-los por estagiários para auxiliar o professor titular a fim de diminuir os custos com recursos humanos, os pais vão colocar a “boca no trombone” rapidinho. E se não fizerem isso, vou ter que acreditar que condição financeira favorável não é prerrogativa de pais responsáveis, participativos ou interessados na qualidade da educação de seus filhos.
Responda, então, a essa difícil questão: esses aprendizes (de quê?) vão ter a oportunidade de empregar o aprendizado conquistado nesse “projeto” (o quê foi mesmo que eles aprenderam?) onde?

2 comentários:

Anônimo disse...

como faz para participa ?onde tenho que ir ? se puder me mande um email
naisa_aoki@hotmail.com

NICE PINHEIRO disse...

Olá, tudo bem? O projeto em questão era do governo anterior. Não sei se o governo atual mantém este projeto, mas você pode se informar na Secretaria de Educação, no Edifíco Golden Center (8º andar), pertinho da Casa e Vídeo.
Obrigada pela participação
Nice Pinheiro