domingo, 30 de março de 2008

JORGE CARDOSO - O ARQUITETO DO BANDOLIM

por Nice Pinheiro

Fui apresentada a Jorge Cardoso há uns três anos. Talvez mais. Assistindo ao vídeo do I Festival "Chorando no Rio", realizado na Sala Cecília Meireles, fiquei impressionadíssima com Jorge e seu bandolim. Sua música, Balançadinho, escrita para Bandolim e conjunto regional, foi primeiríssimo lugar. O arquiteto do Bandolim, como é conhecido, desbancou nomes como Cláudio Camunguelo, Mário Sèves, Guinga, Quarteto Maogani, Silvério e Zé da Velha. Jorge Cardoso é “o cara” no bandolim.


Jorge iniciou o estudo do violão, ainda criança. Aos 14 começou a estudar cavaquinho e aos quinze o bandolim, de forma autodidata. O contato com os músicos e o ambiente da música instrumental do choro foi seu aprendizado informal e o estímulo ao estudo teórico musical de forma autodidata.


No início de sua carreira como bandolinista estudou com Elismar Pontes - bandolinista cearense, aluno de Luperce Miranda e amigo pessoal de Jacob do Bandolim – e em 1989, com o bandolinista Marco César. Aos 19 anos compôs o primeiro chorinho.


Na Escola de Música de Brasília aperfeiçoou seus conhecimentos musicais estudando harmonia com Ian Guest, violão popular com o violonista Marco Pereira e com o violonista e guitarrista Paulo André, improvisação e performance com o pianista Kliff Kormam, improvisação com o guitarrista Genil Castro, harmonia popular com o violonista Alencar 7 cordas e arranjo com o pianista Leandro Braga.




Ele lecionou cavaquinho na Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, em Brasília, e Bandolim na Escola de Música de Brasília. Mas, o melhor de Jorge, foi a criação da “Escola de Choro Jorge Cardoso” no início de 2002, onde lecionava Bandolim, cavaquinho e violão de 6 e 7 cordas.


“Som de Bandolim” foi seu primeiro CD solo, citado pela Revista Roda de Choro como um dos mais votados para melhor CD de 1996. Ao lado de mestres como Altamiro Carrilho e Zé Menezes, Som de Bandolim foi gravado no Rio de Janeiro com a participação de músicos como Maurício Carrilho, Tony 7 cordas, Luciana Rabello, Jorginho, Paulo Sérgio Santos e João Lyra.



O nacionalismo de Jorge foi sua fonte de inspiração na produção do segundo CD, “Bandolim do Brasil”. Neste trabalho, o músico enaltece feras como os violonistas Rogério Caetano e o cearense Márcio Ramalho, do regional Cordas que Falam, e o bandolinista paulista Danilo de Brito, mantenedores do choro de Ernesto Nazareth e Jacob do Bandolim, “um gênero já pronto, que tento preservar mesmo fazendo experiências em torno do que vivo na Itália. Não gosto da jazzificação do choro”, diz Jorge Cardoso.





Jorge se firmou como compositor e estudioso da música brasileira instrumental. Como solista de bandolim desenvolve atividade musical divulgando a música brasileira ao público de vários paises. É formado em Arquitetura e Urbanismo e trabalha na Administração Central dos Correios do Brasil, na cidade de Brasília - DF, desde 1998.


Reside atualmente na Itália, na cidade de Brescia. Desde outubro de 2004, faz o curso de bandolim clássico no Conservatório de Milão, com bolsa de estudos concedida pelo governo italiano, e participa como bandolinista da Orchestra di Mandolini e Chitarre Città di Brescia sob a direção dos maestros Ugo Orlandi e Claudio Mandonico, tendo realizado vários concertos na Itália, França e Alemanha.



Agora vocês vão conhecer um pouco mais deste compositor fantástico e magnífico arranjador de MPB instrumental. Um tanto ou quanto tímido, Jorge não é muito de falar sobre si mesmo. Mas nem precisa. Sua Escola de Choro e suas composições falam por ele. Balançadinho ficou gravado em minha memória. E ele ganhou uma fã incondicional! Entrevistá-lo foi maravilhoso. Valeu Jorge! Com vocês, Jorge Cardoso - um espetáculo de tudo!



Onde e quando nasceu: Rio de Janeiro, em 05.11.69

Estado civil: Solteiro

Instrumentos que toca: bandolim, violão 6 e 7 cordas, cavaquinho e piano (básico).

Compositor: Na música clássica Bach, Beethoven, Mozart e Vivaldi. Na Música Popular Brasileira, Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Chico Buarque de Holanda.

Músico: meu maestro, Ugo Orlandi

Instrumentista: meu maestro, Ugo Orlandi

Música preferida: música de boa qualidade

Momento de maior emoção em sua vida:
- Tive muitos em minha vida. Vencer o Festival de Choro do Rio, ser classificado em 1º lugar no concurso dos Correios, vencer e ganhar a bolsa de estudos para vir à Itália estudar o bandolim, enfim. "Vencer" é fantástico, sempre. A vida deve ser encarada como uma constante vitória.


O choro no Brasil:
- Algo surpreendente que renasce, mas que ainda não tomou uma forma ideal na didática e que precisa de bibliografia e incentivo para que as novas gerações adquiram a cultura do choro nas escolas.


O choro pelo mundo:
- É admirável o interesse de outros povos pela nossa música e o surgimento de vários conjuntos do gênero em diversos países de cultura muito diferente da nossa, como França, Japão Estados Unidos e etc.

Quantas composições você já tem?
- Ainda não sei, pois tem muitas que ainda não finalizei (rss), de qualquer forma, em torno de umas 20.


Cd's? DVD's?
- O DVD está sendo idealizado. Cds foram vários, sendo que solo são dois, "Som de bandolim" (1996) e "Bandolim do Brasil” (2007). Dez anos de intervalo! Prometo não ficar tanto tempo sem gravar...rsrsrs


Um sonho: Ver o Brasil com um ensino musical de qualidade e o brasileiro com uma qualidade de vida melhor.

Um pesadelo: A ignorância e a manipulação da cultura pelo sistema que impõe que tipo de música ou produto devemos consumir, ou seja essa "lavagem cerebral" no povo através da mídia...O assunto é infinito...

Cor: Verde esperança

Esporte que admira: Estudo musical e caminhada

Esporte que pratica: Caminhada, estudo musical e leitura

Praia ou montanha: os dois!

Filme: Tenho muitos preferidos e é difícil escolher dentre eles...

Ator: Paulo Autran

Atriz: Camila Pitanga

Cantor: Nat King Cole

Cantora: Rosa Passos

Grupo musical: Nao tenho um específico

Direitos autorais:
- Sobre os direitos autorais, não saberia afirmar com muita precisão, uma vez que minha música não tem a dimensão de propaganda que um cantor ou nome famoso de âmbito internacional possui. De qualquer forma, acredito que poderemos melhorar buscando utilizar bem as ferramentas que temos atualmente. O músico deve se informar e buscar ler ao máximo, se atualizando e buscando seus direitos, de forma a exigir com consciência, o respeito às suas obras.


Festivais de Choro:
- O Festival de choro é muito importante para a divulgação, promoção e execução de novas composições do gênero, amplianado o raio de ação com novos componentes também. Infelizmente, no Brasil não temos a cultura de valorizar o regional, e a "globalização" tende a deixar tudo com uma mesma cara, com o objetivo de ganhar dinheiro e vender uma imagem que não é a nossa. O Festival de Choro ajuda a afirmar nossa cultura e nossa identidade contra o que é nocivo à nossa essência cultural.


Atual cenário da Música Popular Brasileira:
- O cenário da MPB atual é muito particular e me faltam palavras para defini-lo, pois acredito numa melhoria de nosso país em todos os aspectos se tivermos o investimento em escola para o povo. Dessa forma, com o ensino e a cultura, teremos discernimento para afirmar o que realmente é cultura brasileira de qualidade. Sou otimista e espero melhorias em breve.



Ouça Balançadinho e conheça
um pouco mais de Jorge Cardoso
clicando aqui
http://www.youtube.com/watch?v=yoW76C88H8g

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