quarta-feira, 2 de julho de 2008

COMO COMECEI A FUMAR. COMO ESTOU PARANDO DE FUMAR.

Tinha apenas 15 anos quando nos conhecemos. Uma adolescente boba e ingênua que não conseguiu resistir. Ele simplesmente me seduziu. E me dominou por completo. Tornei-me submissa e escrava. Ele estava sempre ali, me controlando. Oferecia segurança, tranqüilidade, apoio. O simples pensamento de ficar sem ele me deixava enlouquecida! Sem ele não conseguiria nada!






O tempo foi passando e fui ficando cada vez mais dependente. Ah, como eu precisava dele! Aonde eu ia, lá estava ele. Se tivesse insônia, ele me fazia companhia. Se ficasse triste, ele se fazia presente. Se ficasse deprimida, ele me ajudava a superar. Que companheirão! Que amigo de todas as horas!


O tempo continuou a passar e as coisas foram mudando. Já não podíamos ficar juntos em qualquer lugar. Minha primeira reação foi de revolta. Como iria fazer sem ele? E num caso de emergência, tipo uma crise nervosa, como eu faria sem ele?








Não importava. O lugar mais lindo do mundo, com as pessoas mais maravilhosas do planeta: sem ele, nada teria graça. Sempre que possível arrumava um jeito de ficarmos juntos, nem que fosse por cinco minutos apenas.


Fiquei anos assim, até que, num belo dia, a ficha caiu. E quando a ficha caiu, percebi que ele não me fazia bem algum. Percebi que sua presença era nociva. Ele era maquiavélico. Só queria me destruir. E estava conseguindo. Mas eu não queria aquilo e então resolvi que não queria mais a companhia dele. Sua presença era indesejável.









Quando nos separamos me senti muito bem. Os primeiros dias foram terríveis, mas depois...foram quatro meses maravilhosos! Estava mais alegre, mais saudável, mais viva! Até que um belo dia, na casa de uma amiga, não consegui resistir e cedi. Foi o bastante para que tudo de ruim voltasse a me consumir. Mais um ano e meio se passou e eu já não agüentava mais aquela situação.





Não me conformava em precisar dele para me sentir bem, para me sentir segura ou tranqüila. Quando estava nervosa, ele me acalmava. Quando estava ansiosa, ele me relaxava. Até que chegou ao ponto do insustentável! Que dependência ridícula era aquela? Ele me fazia mal. Me dava náuseas, e até o cheiro dele me incomodava. E foi então que resolvi dar uma basta naquela situação.






A primeira providência foi proibir a entrada dele na minha casa. Não o quero mais na minha vida. Não quero seu cheiro na minha cama e não quero ver resquícios de sua presença em nenhum canto de meu lar.
Está sendo difícil sim. Afinal, foram 36 anos juntos. E 36 anos não são trinta e seis dias. O primeiro dia sem ele foi quase insuportável. Chorei muito. A falta dele me consumia. Eu queria “voar” no pescoço de alguém. Foi difícil trabalhar, conversar com as pessoas, falar ao telefone. O raciocínio era lento, a concentração era quase impossível e a visão, por vezes, ficava turva. Quando cheguei em casa procurei logo um remédio para dormir. E consegui dormir, mas acordei de madrugada e encharcada de suor. Fiquei nessa luta até amanhecer.







Não quero mais pensar nele. Sempre que ele vem à minha mente, distraio os pensamentos. É muito difícil, mas tem surtido efeito. Durante os primeiros dias acordei no meio da noite, molhada de suor. Trocava de roupa e voltava a dormir. Com dificuldade, mas dormia.



Hoje estou mais tranqüila. De vez em quando a boca enche d’água, é verdade. Mas vontade é coisa que dá e passa. Desta vez ele não vai me vencer. Não quero mais ceder ao seu gosto amargo e ao seu cheiro insuportável. Simplesmente não quero mais.




Agora mesmo. Neste momento, estou com vontade dele. Uma garrafa d’água à minha frente e uma bala depois. Resolvo o problema. Não vou fumar. Não quero fumar.














O cigarro vicia. Como a maconha, a cocaína , o crack, enfim. A ausência da nicotina no corpo, também provoca a síndrome da abstinência. O cigarro é um droga, como qualquer outra. A diferença é que o cigarro é uma droga lícita. Como o álcool. Mas é uma droga.
Quando tentei parar sem o auxílio de remédio, não consegui. Desmaios, suores, tremores, crises de choro. Uma situação horrível. Deprimente. Finalmente resolvi procurar um médico. Um pneumologista. Respondi a um questionário, passei por alguns exames, fiz raio x dos pulmões e finalmente comecei o tratamento, seguindo orientação médica. Esta é a segunda vez.
A recaída aconteceu porque me senti o máximo, a poderosa! Afinal, eu podia mais do que ele! Podia resistir sempre! Mentira! O ex-tabagista é como o ex-alcoólatra: não pode colocar um primeiro gole na boca. O ex-fumante não pode colocar um primeiro cigarro na boca, não pode dar um primeiro trago. Agora sei que não sou mais do que ele. Agora sei que apenas posso controlar minha vontade.
Um dia de cada vez. A primeira atitude é querer não fumar mais. A segunda atitude é admitir o vício. A terceira é procurar o médico. E depois, é seguir a orientação médica e ter muita força de vontade, muita garra e muita determinação.







Olá, meu nome é Nice Pinheiro e sou viciada em cigarro. Estou limpa há quinze dias.
Só por hoje eu não vou fumar.

2 comentários:

Rudy Trindade disse...

Oi Nice
Sumida!
Vamos lá, força, você consegue.
Fumei por 27 anos, fumava uma média de 3 maços por dia até o dia 30 de junho de 1990, não dá para esquecer, né?.
Nunca mais, estou limpo há 18 anos, coisa boa.
Difícil? Sim.
O que fazer? cada um cria seu método... O meu? Dizer para mim que não ia mais fumar e não fumar, não procurei alternativas, não substitui por balas, doces... Entrei para uma academia, comecei a nadar(quase um martelo!) e a caminhar...
Vamos lá, força, você consegue.
Um abração

NICE PINHEIRO disse...

Oi Rudy!!! Menino, tenho que admitir que ando sumida mesmo..rsrsrs. Três maços por dia? Nossa! Pois é Rudy, até pensei em encarar a natação novamente,após anos longe das piscinas, mas por enquanto não posso. Vc teve vontade de comer doces? Porque eu estou tendo uma gastura com doces.rsrsrs..Vc nem imagina..rsrsrs..Não é substituição à nicotina, é vontade mesmo. Quando eu fumava era raro ter vontade de comer doces, agora, sem fumar..rsrsrs. Obrigada pela força querido! O apoio dos amigos é muito bem-vindo! Espero poder falar isso: estou limpa há 18 anos! uauauauauuuu! O sabor da vitória sobre o vício é tudo de bom! Mais uma vez, brigadão pela força Rudy!
bjs