“Essa experiência mostra como na sociedade em que vivemos os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia, e pelas instituições que detém o poder financeiro. Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.”
Pois é. E mostra muito mais do que isso. Mostra que os valores estão invertidos de vez. Lamentável. Mas também mostra a ausência de cultura. Quer ver só uma coisa? Quantas das pessoas que passavam apressadas, com o copo de café na mão, conheciam ou já ouviram falar em Joshua Bell? E quantas destas pessoas já ouviram e têm conhecimento sobre “peças musicais consagradas”? E quantas conhecem e admiram o som de um violino? E quantas sabem o valor de um Stradivarius?
Ok, agora vamos sair da terra do Tio Sam e transportar esta situação para nosso país tropical. Mais precisamente, Rio de Janeiro. Metrô da Cidade Maravilhosa. Vamos colocar o Jorge Cardoso, ou o Aleh Ferreira, ou o Ronaldo do Bandolim, ou o Hamilton de Holanda próximo à entrada de algumas das estações, executando chorinhos consagrados em seus bandolins. Cada um com seu bandolim, na entrada de uma estação, executando chorinhos consagrados. Visualizaram? Ok. Então respondam:
Da multidão que passaria por eles, quantos reconheceriam as músicas executadas como sendo chorinho? E quantas pessoas saberiam que aquele instrumento era um bandolim? E quantas delas já teriam ouvido falar em Jacob do Bandolim, por exemplo? E quantas já ouviram falar de Pixinguinha como autor de vários choros, como um chorão de verdade?
- Não é aquele negão que foi samba enredo da Mangueira? Diria um cidadão..
Pelo menos pra isso o carnaval serve. Que coisa!
Da multidão que passaria por eles, quantos reconheceriam as músicas executadas como sendo chorinho? E quantas pessoas saberiam que aquele instrumento era um bandolim? E quantas delas já teriam ouvido falar em Jacob do Bandolim, por exemplo? E quantas já ouviram falar de Pixinguinha como autor de vários choros, como um chorão de verdade?
- Não é aquele negão que foi samba enredo da Mangueira? Diria um cidadão..
Pelo menos pra isso o carnaval serve. Que coisa!
E quantas pessoas parariam para “curtir” o momento? Pois é. Estou falando do choro porque transferi a situação para o Brasil, então falemos sobre nossa música, nossa cultura. Lamentavelmente desconhecidas pela maioria. Se não conhecem o chorinho, será que conheceriam um clássico, um jazz ou um blues? Acredito que não.
O mercado, a mídia, e as instituições que detém o poder investem no pagode, no funk e no forró. Sem falar nos Zezés de Camargo e Lucianos da vida...
E é por isso que a população “passa batida” por um violino, um bandolim, ou qualquer outro instrumento que não seja de percussão. Ou que não seja um violão.
Por isso considero tão importante a obrigatoriedade das aulas de música nas escolas. Mas que sejam aulas de música! Cultura musical nunca é demais.
E é por isso que a população “passa batida” por um violino, um bandolim, ou qualquer outro instrumento que não seja de percussão. Ou que não seja um violão.
Por isso considero tão importante a obrigatoriedade das aulas de música nas escolas. Mas que sejam aulas de música! Cultura musical nunca é demais.
Agora vou ilustrar a situação com uma experiência pessoal: Há uns quatro anos o grupo de choro Nós Nas Cordas fez uma apresentação no maior colégio municipal de Resende. Foi no refeitório, para alunos do curso noturno. O líder do grupo na época, explicou o que era o chorinho, como nasceu, falou sobre os grandes compositores do gênero e sobre os instrumentos, enfim. Ninguém ali conhecia o bandolim. Nunca tinham visto um bandolim. Alguns conheciam o chorinho Odeon por causa de uma novela. Mas não sabiam que Odeon era um choro.
Dentre todos os alunos, observei um em especial. Seus olhos brilhavam. Ele não conseguia desviar o olhar do bandolim. Seu encantamento por aquele instrumento diferente, até então completamente desconhecido, era visível e emocionante. Não consegui desviar o olhar dele. Observei atentamente todas as suas reações. E fiquei emocionada e sensibilizada. Mas infelizmente não pude fazer nada. Gostaria de ter condições de comprar um bandolim para aquele rapaz e pagar suas aulas. Se aquele rapaz tivesse tido oportunidade, poderia ser hoje um grande bandolinista e um grande chorão. Ou não. Quem sabe?! Não saberemos nunca. Nem ele, nem eu, nem você que está lendo este texto. Quem poderia dar a oportunidade não deu. E perdeu a chance de dar chance a alguém. Entenderam?
Pois é. O texto abaixo fala muito mais do que se possa imaginar. Esta situação que coloquei aqui também é sobre valor, contexto e arte...
Se o rapaz pudesse comprar um bandolim e pagar as aulas...
“Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares, e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço.”
Esse texto é magnífico. Releia o texto abaixo: “VALOR, CONTEXTO E ARTE...QUE TRISTE REALIDADE”
Esse texto é magnífico. Releia o texto abaixo: “VALOR, CONTEXTO E ARTE...QUE TRISTE REALIDADE”
Você vai descobrir muito mais coisas. Ele fala muito mais do que imaginamos....
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