quarta-feira, 18 de agosto de 2010

E POR QUE IMPORTAMOS LIXO?

O Brasil recicla apenas 22% do seu lixo. Acontece que as indústrias nacionais que reutilizam materiais reciclados na fabricação de roupas, carros, embalagens e outros produtos, absorvem mais do que nosso país consegue coletar e reciclar. E aí, o que essas indústrias fazem? Importam, é claro!




Ora bolas, não seria mais lógico e lucrativo investir na coleta e na reciclagem? Pois é. Vejam isso: oficialmente, o Brasil importou mais de 223 mil toneladas de lixo desde janeiro de 2008, a um custo de US$ 257,9 milhões. No mesmo período, deixou de ganhar cerca de US$ 12 bilhões por não reciclar 78% dos resíduos sólidos gerados em solo nacional e desperdiçados no lixo comum por falta de coleta seletiva. Toc, toc, toc..Tem alguém aí??? Aff!




E você sabia que as prefeituras são responsáveis pela destinação do lixo urbano? E que apenas 7% dos 5.564 municípios brasileiros têm coleta seletiva? E que pela falta da coleta seletiva e da reciclagem cerca de 175,5 mil toneladas de resíduos de plástico, papel, madeira, vidro, alumínio, cobre, pilhas, baterias e outros componentes elétricos - e até as cinzas provenientes da incineração de lixos municipais - tiveram de ser importadas no ano passado? E que entre janeiro e junho deste ano já foram importadas outras 47,7 mil toneladas? Pois é!!!


Apesar da importação, as 780 empresas de reciclagem brasileiras atuam hoje com 30% da capacidade ociosa por falta de matéria-prima. Um exemplo: mais de 40% do PET reciclado é absorvido pela indústria têxtil na fabricação de fios e fibras de poliéster - duas garrafas se transformam em uma blusa. O Brasil poderia abastecer essa indústria se não desperdiçasse 50% do PET no lixo comum. A falta do material fez disparar o preço da tonelada no mercado interno, equiparando-se ao valor do importado, entre R$ 700 e R$ 900. Resultado: enquanto sobravam garrafas boiando no poluído Rio Tietê, as recicladoras tiveram que importar 14 mil toneladas de plástico para reciclagem no ano passado, 75% mais do que em 2007.




Com os resíduos de alumínio usados na indústria automobilística, que lideram a importação, acontece a mesma coisa. Só no ano passado, o Brasil importou 92,7 mil toneladas desse material retirado do lixo de outros países.



“Se existisse uma política nacional de reciclagem não seria preciso Bolsa-Família. O dinheiro do lixo renderia aos brasileiros o mesmo benefício, além de emprego”, ironiza o presidente do Instituto Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni, autor do livro "Os Bilhões Perdidos no Lixo" e consultor da Organização das Nações Unidas e do Banco Mundial para a área ambiental. “Só faz sentido o Brasil importar esse material porque as redes de captação e separação não funcionam. Faltam PET e outros resíduos no mercado nacional.” Pois é.


Com informações do Terra, Globo.com e do jornal "O Estado de S. Paulo".

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