Domingo. E TV em dia de domingo, todo mundo sabe, é o ó....Pois é. Os dedos frenéticos no controle remoto procuram desesperadamente algo interessante, algo que prenda minha atenção, algo que...Tcham,tcham! Grande TV Cultura! Ia começar o Café Filosófico. O tema? “Deuses embusteiros”. Com quem? Lobão! Yes! Ele mesmo, o músico, cantor e compositor brilhante, arrogante, polêmico, irreverente e egocêntrico. Adoro!
Lobão falou sobre como sua vida e a sua arte transitam entre o sagrado e o profano. Falou sobre a religião católica e o espiritismo, e revelou experiências e casos curiosos. Um menino que ia sempre à missa, queria ser padre e foi trabalhar como cambono num centro espírita porque se apaixonou por uma pomba-gira e ficou amigo de um exu.
As pessoas estão interessadas em salvar a alma ou o corpo? Interessante a visão que ele tem sobre tal questionamento. Sobre a sofreguidão pela vida eterna, sobre o botox da alma e do corpo. Botox? “O falso absoluto é muito mais cruel que as rugas.”
A invenção dos deuses do mundo de hoje. O desejo de ser monge budista e rabino. A epilepsia. Lobão era epiléptico. Dostoievski e Machado de Assis também. A avidez e a falta de generosidade das pessoas. A competitividade. A paranóia da vitória e do conforto. Os ídolos profanos – os astros do cinema, da tv. A confusão entre o sagrado e o profano. O Brasil.
Lobão foi, como sempre, muito explícito e objetivo em suas análises, opiniões e justificativas. Firme em suas convicções. Irônico? Sim. E muitíssimo culto e inteligente. Santo controle remoto! Eu tinha esquecido completamente do Café Filosófico. Rola sempre aos domingos, na TV Cultura, às 22 horas. Cada semana, um tema e um convidado. É um programa interessantíssimo. Fique ligado. Anote na agenda.
“A arte pop se delicia com o terror da caretice”
“A bondade é um ebuste”
“O Brasil está vivendo uma espécie de reinvenção progressiva”
(Lobão)
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