Valor Econômico - 15/06/2009
A posição da União Europeia (UE) em relação ao Brasil está evoluindo rapidamente em meio à crise global, pela conclusão de um seminário que comemorou os dez anos da cátedra Mercosul do "Sciences Po" (Instituto de Estudos de Política de Paris).
A constatação foi de que Bruxelas considera que o país tornou-se de fato um ator global, apesar de problemas internos, e um interlocutor privilegiado para discutir os principais temas da agenda internacional, como clima, energia e regulamentação financeira.
Significa que cada vez mais a UE, no que tange ao futuro econômico do planeta, está discutindo com o Brasil e não com o Mercosul (que inclui Argentina, Uruguai e Paraguai).
O seminário, que teve como um dos temas como o novo papel do Brasil afeta as relações com a Europa, foi aberto pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, e pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e teve a participacao de altos funcionários europeus e sul-americanos.
"A sutileza é que antigamente a UE queria sobretudo promover e sustentar os processos de integração, como o Mercosul", afirma o professor Alfredo Valladão, diretor da cátedra. "Mas hoje, com a crise global e com a necessidade de abordar temas globais, a UE prefere aprofundar sua relação com o Brasil, parceiro estratégico, mesmo tomando o cuidado para não causar estragos dentro do bloco do Cone Sul. E essa prioridade de discutir com o Brasil vem sobretudo quando a questão de comércio, que pode quebrar o bloco, não é tão importante."
Outra constatação foi de que todo mundo está muito mais preocupado com questões financeiras, clima e qual vai ser o modelo econômico do pós-crise do que com negociação comercial. Há concordância de que não pode haver protecionismo, mas o que mais preocupa é o tipo de regulação financeira futura, por exemplo.
O ministro Celso Amorim, em todo caso, reiterou a importância política do Mercosul para o Brasil. E declarou-se favorável ao que chamou de um acordo comercial "pragmático" com a UE. Ele não explicou, mas acordo pragmático significa liberalização modesta, em que a Europa abriria pouco seu mercado para a agricultura do Mercosul, e o bloco também abriria menos na área industrial para os europeus, mas dando ênfase política à relação.
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