terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

MANIA DE EXPLICAÇÃO...

Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.
Pouco é menos da metade.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização,seu pensamento reapresenta um capítulo.






Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro da sua cabeça.
Angústia é um nó muito apertado bem no meio do seu sossêgo.
Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair do seu pensamento.







Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Cismar é quando o desejo quer aquilo apesar de tudo.
Apesar é uma dificuldade que não é grande o suficiente.
Dificuldade é a parte que vem antes do sucesso.
Sucesso é quando você faz o que sabe fazer só que todo mundo percebe.






Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.







Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.
Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.







Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a linguagem que o coração usa quando precisa mandar algum recado.






Antes é uma lagarta que ainda não virou borboleta.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.







Alegria é um bloco de carnaval que não liga se não é fevereiro.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão de você mesmo e se empresta para os outros.






Culpa é quando você se convence que podia ter feito diferente, mas geralmente não podia.
Perdão é quando o natal acontece em maio, por exemplo.
Exemplo é quando a explicação não vai direto ao assunto.
Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.







Beijo é um carinho que serve pra mostrar que a gente gosta daquilo.
Gostar é quando acontece uma festa de aniversário em seu peito.
Amor é um gostar que não diminui de um aniversário para o outro.







Não. Amor é um exagero... Também não. É um desaforo...
Uma batelada?
Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?







Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não haja explicação.
Esse negócio de amor eu não sei explicar...






(trecho do livro "Mania de explicação", de Adriana Falcão)

Nenhum comentário: