segunda-feira, 21 de abril de 2008

"E NINGUÉM CALA, ESSE NOSSO AMOR...". A MARY CONSEGUIU!!!

Sou Flamengo desde que me entendo por gente. Quando criança, acompanhava os jogos, comprava o Jornal dos Esportes e sentia prazer em destacar o Diploma de Perdedor, preenche-lo e colocá-lo sob a porta de meus amigos. Era um prédio de oito andares, na Tijuca. Quando o Flamengo vencia o América então, era a glória! Marcus Vinícius, que é meu amigo até hoje, torcia pelo América e vivia recebendo diploma de perdedor! Tadinho....rsrsrs...Hoje ele é tricolor...rsrsrs..Saudações Botafoguenses Marquinhos! Rsrsrs..! Julio era Tricolor, Zé era Botafoguense e por aí vai...Era muita criança naquele prédio e a maioria era flamenguista! Rsrs...Uma festa, para desespero dos moradores!

Eu era tão vidrada em futebol e no Flamengo que ia sozinha ao Maracanã. Assistia todas as resenhas esportivas na TV, acompanhava pelos jornais, uma coisa!
Num FlaxFlu, em 1979, escorreguei no pó-de-arroz e caí sentada. Tinha ido comprar um sorvete. Estava nas cadeiras especiais com meu ex-marido, também flamenguista “doente” (até hoje!). Como sempre, ri de mim mesma, me divertindo com a situação. A noite chegou e comecei a sentir dores abdominais. Sangrei. No dia seguinte, liguei para o Hugo, meu ginecologista, e contei o que estava acontecendo. Ele pediu para que fosse imediatamente ao consultório. Após o exame, a constatação: estava grávida de quase quatro meses e poderia perder o bebê em função do tombo! Como estava menstruando normalmente e havia voltado a tomar a pílula anticoncepcional há dois meses e, ainda por cima, havia emagrecido dois quilos e não sentia absolutamente nada, como poderia imaginar que estava grávida?! Foi um susto enorme e custei a acreditar, mas a ultrassonografia confirmou. A Pris estava lá! Cinco meses de repouso absoluto, Orageston e muito cuidado e carinho...Em maio de 1980 chegou a Priscilla, linda, perfeita e saudável, graças a Deus! Maracanã, nem pensar. Flamengo, só pela TV ou pelo rádio. Nada de emoções fortes. E assim, me curei do vício rubro-negro! Rsrsrsrs...Mas meu coração é Flamengo. E minha melhor amiga é Botafogo! Por isso este texto.
Estamos sempre juntas. Ela é botafoguense “doente”. Ontem, mais uma vez, estávamos juntas. Como flamenguista, queria jogar a final do campeonato contra o Botafogo. Então, nada mais natural do que torcer pelo Botafogo! E torci muito! E de repente, estava eu cantando...”E ninguém cala, este nosso amor...”.
Gente, o que foi aquilo? Que jogo nervoso! O Thiago Neves quase me fez ter um chilique. Que cara insuportável! O juiz, nem aí..Um frouxo..Expulsar o Thiago Neves nem pensar, mas deu cartão vermelho para o Alessandro e para o Jorge Henrique! O coitado do Jorge Henrique não conseguia pegar na bola! O menino sofre!

E aquele pênalti no Washington? Aquela bola na trave me fez berrar e pular tanto que achei que ia ter um piripaque! Tudo que eu não queria era que aquele jogo fosse decidido nos pênaltis! Ainda bem que o Renato Silva marcou o gol! Credo, que sufoco! Pulei, gritei, cantei, berrei! E já havia passado o tempo estipulado nos acréscimos e o danado do juiz não encerrava o jogo! Haja coração! Mas o Botofogo venceu! Beleza! Domingo o mengão vai enfrentar o fogão!

perdeu!!! uauauauau!!!!

Vibramos, comemoramos, e quando pensei que tudo estava encerrado a Mary vira pra mim e manda essa:
- July, vamos sair de carro? Vamos pra rua?
- Pra rua Mary?
- É, vamos lá...
Fiquei meio assim e não dei resposta. Aninha, filha da Mary, estava indo com Juninho, seu noivo, pra casa dele. Quando estava se despedindo, Juninho não agüentou e me deu uma bronca. Flamenguista roxo, ele não se conformava de me ver torcendo daquele jeito para o Botafogo. Nem liguei pra ele, apenas ri e zoei. Depois que saíram, Mary continuava cantando, eufórica.
- Vamos pra rua July? Vamos?!
- Ta bom Mary, vamos lá.
E lá fomos nós. A Mary ia dirigir. A janela do carona não abria. O vidro elétrico deu pau. E a bandeira? Perceberam o drama?! Bem, só tinha um jeito.
- Mary, vou para o banco traseiro.
- Isso July, você é um gênio!





E lá fui eu. Sentada no banco traseiro do carro, com aquela bandeira enorme pro lado de fora, o som alto, e cantando com ela. “E ninguém cala, esse nosso amor...” E ela com a mão na buzina. Vocês tinham que ver a felicidade da criatura! Parecia uma criança! Na volta, quando entramos no prédio, o porteiro que veio nos entregar o cartão de identificação do carro, sorriu e falou:
- Domingo vamos enfrentar o Flamengo!
- Mas eu sou Flamengo!
- Ihhhhhhh...

E a Mary se acabou de rir. Quando saímos do carro, olhei pra ela e disse:
- Mary, se eu contar ninguém acredita! Rsrsrsrs...Agora quero ver no domingo! Se o mengão ganhar você vai sair com a bandeira do Flamengo!
- Ah, não vou não!
- Como assim, não vai? Eu torço pelo seu time, carrego a bandeira, saio com você, e?
- Espera July. Não vou sair neste domingo. No próximo, se o Flamengo ganhar, eu saio. E ainda vou dirigindo, pra você e o Juninho curtirem bastante! Mas se o Botafogo ganhar vocês saem comigo!
- Então tá combinado! Você dirige e eu e Juninho vamos atrás, só festejando!


E assim ficou acertado. Agora, vamos aguardar o próximo domingo. E o outro. E quem sabe ela cante comigo: “Tu és, time de tradição, raça, amor e paixão, ó meu mengo...”
Moral da história: Não basta ser amiga. Tem que participar!
rsrsrsr...
Só a Mary Dutra mesmo...
Ah, ia esquecendo! Luiz, até domingo que vem!
rsrsrs...




"E NINGUÉM CALA, ESSE NOSSO AMOR..."
"TU ÉS, TIME DE TRADIÇÃO, RAÇA, AMOR E PAIXÃO, Ó MEU MENGO..."

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