Sempre quis um amor que elaborasse
e trouxesse beijo no clarão da amanhecice.
Agora, diante da encomenda, metade de mim rasga afoita o embrulho
e a outra metade é ofuturo de saber o segredo que enrola o laço,
é observar o desenho do invólucro
e compará-lo com a calma da alma o seu conteúdo.
Contudo, sempre quis um amor que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
Sempre quis um amor que acontecesse sem esforço
sem medo da inspiração por ele acabar.
Sempre quis um amor de abafar,(não o caso)
mas cuja demora de ocaso estivesse imensamente nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor é a sua negação.
Sempre quis um amor que gozasse
e que pouco antes de chegar a esse céu se anunciasse.
Sempre quis um amor que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse.
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