sexta-feira, 28 de novembro de 2008

QUAL É O TEMPO QUE NOS RESTA?

Quando nossa força cede lugar à fragilidade, é momento de ter amigos por perto. E quando isso não é possível, que seja através de SMS, email, telefone, celular, scrap, sinal de fumaça, código Morse, enfim.






A vida nos reserva momentos que despertam nosso lado mais frágil e delicado. Delicado, por nos revelarmos sensíveis e vulneráveis. E é nessas horas que o colo, as mãos estendidas, o abraço, a companhia, ou apenas o fato de ouvirmos a voz de alguém muito querido, abastecem e acalentam nossa alma.







Sorrir, dançar, cantar, sonhar, brincar, amar. Nada disso acaba, mas fica mais difícil ser vivido durante a passagem de “uma nuvenzinha” sobre nossas vidas ensolaradas. O cotidiano torna-se distante. Afastados do trabalho, dos amigos, do dia-a-dia, ficamos meio que sem norte. A sensação de solidão vai crescendo e a luta para continuarmos a viver com a mesma alegria e intensidade anteriores à “nuvenzinha”, crescem na mesma proporção.







É inevitável pensarmos em coisas que normalmente ignoramos ou tentamos evitar pensar. Algumas providências tornam-se necessárias diante das circunstâncias apresentadas. De repente a gente se olha no espelho e se pergunta: o que vai acontecer? Incógnita. Não há resposta imediata. Só o tempo dirá.







Nossos sonhos. Nossos projetos. Teremos tempo para realizarmos sonhos e finalizarmos projetos? Pois é. Cadê a resposta?







Lendo este texto as pessoas podem pensar: mas de que diabos esta mulher está falando? Estou falando das “nuvenzinhas”. A perda de alguém querido, a perda de um bom emprego, uma cirurgia inesperada e indesejável (é claro), enfim. Ah, essa cirurgia é uma coisa boba! Não. Nenhuma cirurgia é coisa boba. Depois que somos anestesiados, ficamos ali, indefesos e entregues a Deus e aos médicos. Um corte é sempre um corte. A “invasão” no nosso corpo, a fim de nos aliviar de um sofrimento maior, pode produzir seqüelas. Remediáveis ou não. E durante o tempo de convalescência, ficamos dependentes de alguém para fazermos as coisas mais simples da vida, como levantar, sentar, tomar banho, vestir uma roupa, calçar um sapato, comer, enfim.







É preciso manter o alto-astral, o pensamento positivo, a confiança, a fé. É preciso. Mas, às vezes, nem sempre é possível. Até conseguimos nos manter assim no decorrer do dia, mas à noite, quando nos deitamos, quase sempre os pensamentos “indesejáveis” vêm à mente. E aí é que percebemos nossa fragilidade. E a sensação de impotência é frustrante. E entendemos que não podemos fazer nada a não ser confiar em Deus, ou no Ser Superior, ou no Homem lá de cima. É aquela velha história: seja o que Deus quiser...Simplesmente porque não importa o que queremos. Não está em nossas mãos. Não está ao nosso alcance.







Viver. Simplesmente viver. Sorrir, dançar, cantar, brincar, sonhar, amar. Rir de si mesmo. Tomar um banho de chuva. Sentir o calor do sol. Andar descalço na grama. Mergulhar no mar. Saborear o sorvete preferido. Usar o perfume preferido. Ver um bom filme. Ler um bom livro. Ensaiar o monólogo recém-escrito. Escrever um livro. Trabalhar. Pagar as contas. Fazer compras. Escrever, escrever, escrever. Ser confidente da melhor amiga. Fazer confidências à melhor amiga. Ligar para um amigo distante para dizer que está com saudades. Beijar os filhos. Abraçar os filhos. Declarar explicitamente o amor pelos pais, amigos, filhos, irmãos. Conhecer alguém especial. Apaixonar-se. Andar de mãos dadas. Beijar. Fazer amor. Uivar para a lua cheia.







Viver. Simplesmente viver. Porque a vida é simples. Porque a vida é tudo de bom. Porque a vida é pra ser vivida. Porque ainda temos muito que fazer, que realizar e sonhar. Mas, qual é o tempo que nos resta?

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