Após um longo e tenebroso inverno (literalmente), resolvi dar o “ar da minha graça” na noite resendense. Calça jeans, tênis, camisa, documentos e ... fui. A vantagem de morar em cidade pequena é que você encontra com muita gente conhecida. Sempre. E uma das vantagens de ser sozinha é a de poder ir onde você quer, na hora que bem entender.
Os melhores músicos da cidade reunidos no mesmo lugar. Tudo de bom. Cheguei lá por volta das 23 horas. Logo na entrada do CCRR, dei de cara com Herbert, o organizador do evento. Quando entrei, encontrei mais gente conhecida. Gente que não via há algum tempo. Isso é muito gostoso. E encontrar os músicos de Resende, depois de tanto tempo ausente da “night”, foi tudo de bom. Mais gostoso ainda é ouvir Cazuza, Ivan Lins, Cássia Eller, Djavan, Titãs, Paralamas, Lulu Santos, Rita Lee, Marina Lima, enfim. E mais gostoso ainda, é ouvir essas músicas tocadas por excelentes instrumentistas. Foi o que aconteceu.
Quando cheguei, Chuck e Mara Rúbia estavam tocando. Mara na percussão e Chuck no violão. Uma delícia. Mara tem uma voz maravilhosa. Depois foi a vez de Lico. Que repertório! João Bosco, Novos Baianos, Alceu Valença, Djavan... Amei! Voz e violão. O pequenininho toca muito. Adoro o Lico! Dinho e Manell estavam no cantinho, curtindo o som do amigo. Só que Dinho não resistiu: pegou sua guitarra e subiu ao palco. Maravilha. A galera dançava sem parar. E cantava junto com eles. E eu já estava quase entrando em overdose de coca. Cola.
Sempre que saio fico observando os músicos. Mesmo conhecendo esse pessoal há muito tempo, não me canso de observar. O Lico, por exemplo. Ele senta no banquinho, pega o violão, cruza uma perna por cima da outra e manda ver. Tem mania de fechar os olhos. E de vez em quando entra em órbita. Parece que está em Alfa. Sua expressão é tranqüila. Parece que não está nem aí. Meio viajandão, sabe...É ele e o violão. Como eu curto isso! Bem, voltando ao assunto...
Sai Lico. Agora o palco é de Chuck, Mara, Manell e Dinho. Violão, percussão, voz e guitarra. Chuck precisa dar uma saída. Dinho larga a guitarra e pega o violão. Chuck volta e pega a guitarra de Dinho. É tudo muito show! O que me chama a atenção é o entrosamento dessa turma. Sem ensaio. Sem estrelismo. Dinho, novamente com sua guitarra, improvisa. A galera acompanha. Não tem repertório certo, programado. É o que dá vontade de tocar, o que vem na cabeça e na alma. O público delira. E dança e canta sem parar. Saem Chuck, Mara e Manell e sobe Allan. Agora é teclado e guitarra. Além da MPB, rola Pink Floyd e Rolling Stones. Uauauauauauuuu! Dinho faz caras e bocas. Delira nos solos. Puro êxtase!
Já são três da manhã. Para fechar com chave de ouro, Nill. Outro baixinho que me encanta! Nill já é uma lenda em Resende. Há 20 anos carrega público para onde vai. Ninguém cansa de ouvi-lo tocar e cantar. Garantia de casa cheia. E para o público, garantia de boa música e noite agradável. Simpático, fala com todos. Até cumprimentar todo mundo e subir ao palco, demora um cadiquinho...rsrs. Todos fazem questão de falar com ele. Um doce de pessoa. Um músico exemplar. E lá vai Nill. Dinho e Allan tocam junto com ele. Fico ali observando, cantando e curtindo o momento. Meu momento.
Não dá mais pra segurar. Preciso do meu computador. Preciso colocar pra fora o que estou sentindo. Não dá pra esperar todo mundo junto no palco. Tenho certeza que será apoteótico, mas não dá mais. E meu organismo já não suporta mais a ingestão de tanta coca-cola....rsrs. Me despeço da galera, chamo um táxi e venho para meu lar-doce-lar. Agora são 5h32. Não conseguiria dormir sem escrever. Quando faço isso, sonho que estou escrevendo. Não tem jeito.
Às vezes fico tentando entender o que a música faz comigo. Fico tentando assimilar essa minha paixão pelo violão, pela guitarra, pelo bandolim, pelo piano, pelo sax, pela gaita, pelo cavaquinho, pelo pandeiro, pela flauta, pelo baixo, pelo trompete, pelo violoncelo...É música clássica, é blues, jazz, MPB, chorinho, samba, bossa-nova, rock and roll...É música. Música.
Quando percebo, estou observando os músicos. Cada gesto, cada expressão facial. A cumplicidade entre eles. Os improvisos. O momento. Deus sabe o que faz. Certamente, se eu fosse homem e músico, seria um boêmio da vida. E na vida. Mas, pensando bem, se eu não tivesse interrompido os estudos de acordeon (!) e piano, teria partido para o violão e o cavaquinho. E, muito provavelmente, seria uma boêmia da vida. E na vida.
É. Definitivamente, meus dedos não procurariam frenéticamente pelos teclados do computador. Minha inspiração desaguaria em partituras, nas cordas de um violão companheiro ou de um cavaco travesso, e nos teclados de um belo piano. Pois é.
E agora vou pra cama. Morfeu insiste em me abraçar e não estou conseguindo resistir aos seus encantos. E, pra falar a verdade, acredito que devo poupar vocês de meus delírios. Deve ser excesso de coca. Cola. E Zero. Overdose de Ciclamato. Fui.
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