segunda-feira, 9 de julho de 2007

DA CHEGADA DO AMOR - POR ELISA LUCINDA

Sempre quis um amor que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis um amor que elaborasse
Que quando dormisse ressonasse confiança no sopro do sono
e trouxesse beijo no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice onde tanto pudesse a sem-vergonhice do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:passado presente futuro
coisa da mesma embocadura sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa do pano de fundo dos seres
não assustasse.

Sempre quis um amor
que não se incomodasse quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis um amor que não se chateasse diante das diferenças.



Agora, diante da encomenda, metade de mim rasga afoita o embrulho

e a outra metade é ofuturo de saber o segredo que enrola o laço,

é observar o desenho do invólucro

e compará-lo com a calma da alma o seu conteúdo.

Contudo, sempre quis um amor que me coubesse futuro

e me alternasse em menina e adulto

que ora eu fosse o fácil, o sério

e ora um doce mistério

que ora eu fosse medo-asneira

e ora eu fosse brincadeira

ultra-sonografia do furor,


Sempre quis um amor que acontecesse sem esforço

sem medo da inspiração por ele acabar.

Sempre quis um amor de abafar,(não o caso)

mas cuja demora de ocaso estivesse imensamente nas nossas mãos.

Sem senãos.

Sempre quis um amor com definição de quero

sem o lero-lero da falsa sedução.

Eu sempre disse não à constituição dos séculos

que diz que o "garantido" amor é a sua negação.

Sempre quis um amor que gozasse

e que pouco antes de chegar a esse céu se anunciasse.


Sempre quis um amor que vivesse a felicidade

sem reclamar dela ou disso.

Sempre quis um amor não omisso

e que suas estórias me contasse.

Ah, eu sempre quis um amor que amasse.

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