CARTA
ABERTA AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM EXERCÍCIO, MINISTROS E CONGRESSO
BRASILEIRO
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Senhores Ministros, Senadores e Deputados Federais,
Meu nome é Nicemar Pinheiro. Sou uma cidadã
brasileira de 59 anos, servidora pública municipal concursada há 18 anos, divorciada, e tenho uma filha de 36 anos. Sou graduada em Gestão Pública e pós-graduada em
Gestão Sustentável do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Comecei a trabalhar
com carteira assinada aos 15 anos, mas fiquei alguns anos intercalados sem
trabalhar. O salário que recebo como servidora pública municipal é irrisório,
mal daria para eu pagar os remédios ao ficar idosa. Sendo assim, opto por
continuar trabalhando até a aposentadoria compulsória, aos 75. Pois é. Agora
que já me apresentei e entrei com a dica, vamos ao assunto que interessa: aposentadoria,
REFORMA PREVIDENCIÁRIA.
Não sou contra a bendita reforma previdenciária,
concordo que a população está vivendo mais. Mas é preciso que vivam melhor
também, certo? Sendo assim, proponho algumas atitudes antes das reformas que os
nobres políticos programaram para os trabalhadores brasileiros. Vamos falar um
pouco da reforma previdenciária e de outras reformas necessárias no mundo
surreal em que vocês vivem? Então, vejamos:
- Fim da
aposentadoria aos oito anos de mandato;
- Idade mínima e
tempo de serviço para aposentadoria idêntica a dos trabalhadores;
-Fim da
aposentadoria vitalícia para ex-presidentes e outros ex;
- Fim das ajudas de
custo aos ex-presidentes da República, como carros, motoristas, combustível,
auxiliares, seguranças e etc. E aos ex-governadores e ex, ex, ex...;
- Fim dos cartões
corporativos;
- Fim das ajudas de
custo para ministros, senadores, deputados federais e estaduais, governadores,
prefeitos e vereadores (auxílio moradia, cotão, cota postal e telefônica, combustível
à vontade, passagens aéreas e até mesmo verba para comprar ternos!!!);
- Fim dos 14º e 15º
salários.
O Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
os Senhores Ministros, Senadores e Deputados Federais têm noção do quanto seria
economizado com essas medidas? Os senhores têm noção do quanto esse dinheiro
seria útil ao povo brasileiro? Nós sabemos que sim.
Essas deveriam ser as primeiras providências
adotadas pelo governo, independentemente de partido, até mesmo por uma questão
de justiça, de ética, de vergonha.
Há que se colocar um fim ao vício que os
políticos brasileiros têm em aumentar seus privilégios e salários e sacrificar
os trabalhadores. Acredito que essa atitude gere até mesmo um prazer
imensurável em alguns políticos mais sádicos.
Após essas medidas, aí sim, será justo colocar
em prática a reforma previdenciária dos trabalhadores tupiniquins, meros
mortais. Trabalhadores brasileiros, os verdadeiros heróis nacionais que
carregam o país nas costas e que sustentam as mordomias absurdas na e da política.
Mas se as medidas sugeridas acima fossem adotadas a reforma previdenciária seria
bem menos impactante para os trabalhadores. Imagina sem a corrupção no INSS!
Seria desnecessária, não é?
Agora vamos partir para outra questão, a dos impostos. Antes de aumentar os impostos
dos trabalhadores, que tal acabar com a
isenção de impostos para igrejas, independentemente de religião? Já temos
que trabalhar cerca de seis meses somente para pagar impostos. Não está bom?
Passem a cobrar impostos das igrejas, pois
elas faturam milhões por ano!!!! Quanto uma Igreja Universal fatura num
mês? Só num único mês? Pois é. Sabe quantos anos alguém que ganha salário mínimo
precisa trabalhar para juntar o valor que uma igreja dessas recebe num único mês?
É justo que paguemos (os trabalhadores
brasileiros) tantos impostos e as igrejas sejam isentas?
São muitas as questões, mas não devo me alongar
muito. Por último, vamos tratar da saúde.
Quando vocês ficam doentes, correm para o Hospital Sírio-Libanês ou para o
Instituto do Coração. Seus planos de saúde e de suas famílias são os melhores e
mais caros do mercado. Para nós, meros trabalhadores, restam a sucata do SUS –
Sistema Único de Saúde ou comprometermos boa parte do salário num plano de
saúde que nos garanta um atendimento, no mínimo, menos humilhante, mais humano
e eficiente. É justo isso?
Sei que estou perdendo meu tempo escrevendo isso.
Sei que esse texto não chegará às mãos do presidente em exercício, dos ministros,
senadores e deputados federais. E acredito que muitos teriam ataques de riso ao
lerem o que está escrito aqui, em meio a deboches, risadas sarcásticas e até
mesmo alguns palavrões. Mas eu fico muito tranquila.
Eu posso me dar ao luxo de colocar minha cabeça
no travesseiro e dormir tranquilamente, sem medo de acordar com um agente
federal batendo à minha porta para me escoltar até um juiz para prestar
depoimento ou para me levar à cadeia. Eu posso andar pelas ruas, viajar de
avião ou entrar em qualquer restaurante sem medo de ser vaiada rechaçada,
agredida verbalmente. Eu posso. Todos os trabalhadores brasileiros honestos
podem. Será que os políticos capazes de gargalhar ao ler esse texto têm esse
privilégio?
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