Passadas as eleições, qual o futuro?
À imprensa cabe o papel de velar pela legitimidade da captação da vontade do povo quando aponta seus governantes. Houve épocas em que campeavam as fraudes, os mortos votavam e os eleitores eram contidos nos currais dos chefes políticos. Absolutamente diferente é agora o panorama eleitoral. Hoje reina a democracia, ainda com defeitos, mas a democracia. E a democracia é bela por propiciar a convivência harmoniosa dos contrários, a interação pacífica dos opostos. Se não houvesse a democracia, fatalmente se avançaria nas eleições com espírito maniqueísta, como se um pleito fosse uma sangrenta luta do bem contra o mal ou uma guerra bárbara de mouros contra cristãos. Mas definitivamente não é esse o fundamento dos ideais democráticos. Todos os que ingressam na vida política devem fazê-lo com os mais respeitados propósitos.
Sair vencedor, ou vir-se derrotado são contingências do momento político, que não afastam a honorabilidade de todos os candidatos. A política é o momento de todos os eleitos se darem às mãos em prol do bem comum: o bem-estar do povo. Entretanto, cabe observar que ainda existe uma estrada a ser percorrida para que possamos atingir um nível melhor por parte dos nossos políticos. Ataques pessoais deveriam ser restringidos nas campanhas políticas, pois tiram o foco de uma campanha que é justamente a apresentação de propostas para serem submetidas ao crivo do eleitor no momento da eleição. Como também, se o mandato do candidato pertence ao partido, este sim deve ser responsabilizado e penalizado se o seu filiado, agora eleito, não cumprir com as obrigações que dele se espera nos poderes Legislativo e Executivo.
As entidades de classe, OAB, CREA, assim como a mídia, têm um papel fundamental na conscientização e informatização de uma sociedade perante a questão política. Vivemos um tempo em que todos precisam assumir a responsabilidade, pararmos de criticar e começarmos a agir cada qual diante das suas possibilidades. Ainda é grande o número de abstenção e de pessoas que deixaram para a última hora a escolha do voto. E isso não é bom.
Culturalmente se projetou durante anos o desinteresse político, porque esse interessava aos governantes, e também o assistencialismo, pois assim se escraviza o indivíduo e aprisiona o voto. Mas nenhum cidadão ganha com isso, e nenhuma nação se desenvolve. Repensar nossos atos é preciso, assim como uma análise séria por parte das entidades de classe, mídia, associações de bairro, Ongs e de todos aqueles que detêm uma posição importante, e que podem e devem contribuir de uma forma mais eficaz para a melhoria social e pelo nível de consciência de uma sociedade.
Rogério Naressi, Jornalista.
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