quarta-feira, 20 de junho de 2007

SINAIS DE SENILIDADE PRECOCE? EU?

Estava eu nos estúdios da Rádio Resende AM, emissora local. Programa da Prefeitura. O assunto? Inscrições para as Oficinas de Inverno e para os Cursos Regulares da Escola Municipal de Música. Estúdio cheio. Vice-prefeito, assessor, diretor do Centro de Zoonose, presidente da Fundação Resende Esportes e outros mais.

Atende telefone, passa as perguntas dos ouvintes para o apresentador, orienta o entrevistado, tira dúvidas dos ouvintes, conversa com o assessor, enfim, todo trabalho que um assessor de imprensa deve realizar. Lá pelas tantas meus rins começaram a reclamar. Atendendo à solicitação da natureza humana, pego as chaves no departamento de jornalismo e vou fazer o que precisa ser feito.



Meus óculos de leitura para perto estavam dependurados entre os botões de minha blusa. Isso me lembrou uma música...rsrsrs. Bem, continuando. Quando fui sentar-me, os óculos caíram no chão. Coloquei-os sobre um banquinho, situado estratégicamente ao lado do "assento". Completei minha "tarefa", lavei minhas mãos, sequei, peguei a chave, tranquei a porta, entreguei as chaves a quem de direito e retornei ao estúdio.



Uma coisa aqui, outra coisa ali e finalmente minha presença não se fazia mais necessária. Despedi-me de todos e parti rumo à Secretaria de Educação, onde trabalho. Chegando lá, precisei ler um documento. Abri minha bolsa. Os óculos não estavam lá. Abri minha pasta, os óculos também não estavam lá. Abri novamente a bolsa. Tirei tudo de dentro, coloquei sobre a mesa e...nada! Peguei o celular e liguei para meu amigo Evaldo, assessor de comunicação da prefeitura, que também estava na emissora.




- My boss (é assim que chamo meu amigo), por favor, vê se meu óculos de leitura estão aí!
- Peraí, mala (é assim que ele me chama)!
- Não enxergo nada sem eles, my boss!
- Não estão aqui.
- Você procurou direito?
- Procurei, Nice! Não estão aqui.
- Tá bom. Valeu! Brigadão!. Vou revirar tudo de novo aqui.

Desliguei o celular. Novamente despejei tudo sobre a mesa. Nada. Vi em todos os bolsinhos da bolsa, da pasta e nada! Já estava entrando em pânico. Como faria para fazer os releases? Para ler os documentos? Para escrever meu blog? Teria que ir à ótica mais perto e comprar um daqueles óculos para leitura que a gente vai experimentando até encontrar um que nos faça ler até pensamentos.

- My boss, perdi mesmo! Você já viu nas prateleiras?
- Claro, sua mala!
- Sobre a mesa? Ao lado do telefone? No estúdio?
- Já vi tudo! Não está aqui!
- Ai meu paizinho, vou ter que sair e comprar óculos. Tudo bem, my boss. Beijo.

Desliguei. Já tinha me convencido que teria que comprar outro. De repente me lembrei. O banquinho!

-My boss, você ainda está na Rádio?
-Estou, por que?
- A Carol (jornalista da emissora) está aí?
-Do meu lado.
-Por favor, pede para ela pegar as chaves do banheiro e ver se o bendito está sobre o banquinho?!
-Ah, tá vendo? Você tem uma cabeça de vento mesmo. Quando eu digo que você é uma malinha sem alça não é à toa.
-Por favor, my boss!
-Ela está chegando aqui. Os óculos estavam lá sim, malinha.
-Ai, graças a Deus!
-Me faz um favor. Deixa lá em baixo que vou passar aí pra pegar.
-Tá bom, vou deixar lá.
-Brigadão my boss!

Arrumei minhas coisas e parti para resgatar meu amigo inseparável que havia sido esquecido no banquinho de um banheiro! Me lembrei daquela música "sem você meu amor eu não sou ninguém...". Encaixava direitinho na situação. Já era hora do almoço. Coloquei-o dentro de sua caixinha, guardei na bolsa e fui para casa, almoçar. Chegando em casa, liguei meu computador, tirei meus óculos para longe e coloquei meus óculos para perto. Faz uma coisa, faz outra. Tiro os óculos de longe, ponho os de perto. Em determinado momento, ao precisar ler um documento que seria transformado em release, cadê o dito cujo? Procura daqui, procura dali, revira bolsa. Comecei a falar sozinha enquanto andava como uma louca pela casa, atrás dos óculos. Nada! Onde eles estariam? Criaram pernas? Num gesto de desespero e desânimo total, enquanto soltava um "Jesus me acode!", coloquei as mãos sobre minha cabeça. Fui acudida. Os óculos estavam lá. Sem saber se ria ou se chorava fiquei ali, parada, olhando para aquele objeto em minhas mãos. Lembrei de meu amigo. De acordo com ele, sofro de senilidade precoce. Quando ele estiver lendo esta página ficará sabendo o que aconteceu. "Os óculos de leitura perdidos - Parte II".




Certamente vai se deleitar e sorrir aquele sorrisinho macabro dele. E ainda ousará pensar "tô dizendo, depois você não acredita quando eu falo!". Ok, my boss, você venceu. Vou providenciar um par de óculos bifocal e vou marcar um médico para semana que vem. E já sei, não precisa falar! Tem que ser um GERIATRA!

por Nice Pinheiro

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