sexta-feira, 12 de março de 2010

SEM CULPA NENHUMA....

É engraçado como as pessoas ficam meio que espantadas diante de um não. Pode ser um não posso, um não aceito, um não quero, um não concordo, um não estou a fim, não, não e não. Quando tomamos as rédeas de nosso tempo e de nossa vontade ficamos mais seguros, mais firmes, mais convictos. E isso assusta um pouco algumas (ou muitas?) pessoas.


Outra coisa que acho intrigante – e irritante - é a facilidade com que as pessoas dizem você tem que...Eu não tenho que nada! A única coisa que eu tenho que fazer de fato é trabalhar de segunda à sexta-feira. E, talvez, alguns sábados. E só.


Aprecio muito os textos de Martha Medeiros. E um, em particular, expressa quase totalmente o que sinto em relação ao meu tempo, ao que eu quero e como sou. O título do texto é Culpa Zero.




Afinal, eu também sou uma Miss Imperfeita. E também faço o que preciso fazer como uma boa profissional, mãe e mulher que sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado uma ou duas vezes por semana, telefono para minha mãe e para minha filha quase todas as noites, procuro os amigos que me procuram também, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova e unhas toda semana!


Também sou ocupada, mas não uma workaholic. E também aprendi duas coisinhas que operam milagres: a dizer NÃO e a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.




Nunca fui e nunca quis ser modelo para ninguém. Não sou a mulher maravilha. Não sou e nunca pretendi ser a mulher perfeita. Sou apenas, e humildemente, uma mulher.


Aprendi que ter uma vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo. Tempo para mim!


Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar e cantar sozinha na sala. Tempo para tomar aquele sorvete enorme de chocolate com muito chantilly, muita calda e muita castanha. Tempo para sumir dois dias com alguém especial. Três dias. Cinco dias! Ou para sumir dois, três ou cinco dias sozinha mesmo! Tempo para uma massagem. Tempo para ver um filme. Tempo para os amigos. Tempo para uma limpeza de pele. Tempo para escrever um monólogo que eu nem sei se um dia será montado. Tempo, principalmente, para viver do jeito que quero e como quero, e não para fazer o que os outros acham que eu tenho que fazer. Tempo para mim! Porque aprendi a usar o tempo a meu favor, e não contra mim.



Como escreveu Martha Medeiros, a mulher moderna anda muito antiga. Está sempre tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Continua acreditando que se não for super, se não for mega, não será bem avaliada.


Não sou escrava do meu tempo, do meu trabalho ou dos meus filhos. Aliás, esse é um capítulo interessante. Filhos. Eu não tenho que conviver com a família da minha nora ou do meu genro. Eu não tenho que estar sempre junto à família deles. Tenho minha vida, meu trabalho, meus amigos, e minha agenda social (montada por mim). Meus filhos têm suas vidas, seus amigos, suas agendas sociais. Cresceram. E eu também cresci. Eu escolho.


Curto muito os momentos com meus filhos, suas famílias e seus amigos. Curto muito os momentos com minha família, meus amigos, meus colegas de trabalho. E curto muito meus momentos especiais comigo mesma. Adoro meu lar-doce-lar. Meu silêncio. Meu canto.



Adoro escrever. Adoro viver minha vida. Gosto muito de uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto quase lavado...rs. Adoro desfrutar do meu tempo. Do meu jeito. E sem culpa nenhuma.....

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