A saúde pública neste país anda de mal a pior. As pessoas que
dependem do SUS (Sistema Único de Saúde) amargam horas nos postos de saúde para
serem atendidas. E esse é o menor dos males que essas pessoas enfrentam se
levarmos em consideração a falta de médicos, de enfermeiros, de número de
leitos suficientes e de medicamentos e material adequado. Mas a saúde privada
não está isenta de algumas mazelas. E quem paga o alto valor dos planos de
saúde para ter o mínimo de garantia possível de serviço e de tratamento em caso de necessidade, também
enfrenta alguns transtornos para marcar consulta e para ser atendido no horário
marcado, por exemplo.
Eu pago quase R$ 700,00 de plano de saúde. Mas ao ligar para
o consultório do meu oftalmologista fui informada que a agenda abre as
terças-feiras, a partir das 8 horas. Liguei numa terça-feira às 8h15 e a agenda
já havia fechado. Faz duas semanas que estou tentando marcar uma consulta, sem
sucesso. E não adianta ir ao consultório porque as consultas são marcadas
somente por telefone.
Há algum tempo agendei uma consulta com meu clínico geral
para 17h30 e fui atendida às 19h45. Entendo que médicos lidam com imprevistos,
afinal, as doenças, os acidentes e os bebês não agendam dia e hora para acontecer/chegar.
Mas a situação está exagerada. Os médicos estão priorizando atendimentos particulares
em detrimento de atendimentos conveniados. A situação deixa os usuários dos
Planos de Saúde em situação desagradável, incômoda. Ficamos à mercê dos médicos
e de suas agendas programadas para planos de saúde e pacientes particulares.
Já conversei com vários médicos e a explicação é sempre a
mesma: o valor pago por consulta e/ou procedimento é irrisório, por isso são “obrigados”
a agir dessa forma. Muitos não se sentem confortáveis com a situação, e outros
não estão nem aí para os pacientes. A questão é que nós, usuários dos Planos de
Saúde, pagamos uma mensalidade alta para
termos acesso a uma série de especialidades, serviços e procedimentos com hora
marcada e em consultórios, hospitais, clínicas e laboratórios particulares. Se
os Planos de Saúde não estão pagando um valor justo por consultas, internações,
procedimentos e coisa e tal, a ANS (Agência Nacional de Saúde) ou o órgão
competente deve entrar em ação para ajudar a resolver o impasse.
Converso muito com profissionais de saúde e pude observar
algumas situações que julgo injustas e passíveis de correção por parte das
autoridades competentes. Os planos de saúde, além de pagarem um valor
irrelevante por consulta/procedimento, ainda demoram cerca de dois a quatro
meses para pagar! Todos nós sabemos que médicos e fisioterapeutas são, em
grande parte, profissionais autônomos. Conheço muitos que vivem um transtorno
para comprovar renda e alguns já tiveram ou têm uma grande dificuldade para
comprar uma imóvel, por exemplo. Sem carteira assinada, sem comprovação de
renda e, ainda por cima, sem saber ao certo quando receberá o dinheiro dos
atendimentos realizados e quantos serão pagos, fica difícil assumir uma
compromisso financeiro considerável como a prestação de um imóvel, por
exemplo.
Outro fato que
considero absurdo: um profissional que investe na carreira, que faz cursos de
especialização e que está sempre se atualizando recebe o mesmo valor por
consulta/procedimento que o profissional que permanece apenas com sua graduação
e, quem sabe, no máximo, algum curso extracurricular. A meu ver, essa é uma situação
muito injusta. Afinal, são muitas horas e muito dinheiro investidos em conhecimento,
em aprendizado, em aperfeiçoamento. Os valores pagos aos profissionais deveriam
ser determinados por alguns critérios, a começar pelos cursos de especialização
que o profissional possui. Quanto mais estudo maior o conhecimento e,
consequentemente, maior a probabilidade de acerto no diagnóstico e no
tratamento dispensado ao paciente. Fato.
É claro que é do conhecimento de todos que a maior parte dos
médicos e fisioterapeutas recém-formados são muito mal remunerados. E é claro
que isso impede o investimento em cursos de especialização. São cursos caros,
muito caros. Se o de graduação em medicina, fisioterapia, e enfermagem já são
caros, imaginem os de especialização. Mestrado e doutorado então, nem se fala!
Mas existem médicos e fisioterapeutas que mesmo com pouco tempo de formados e
poucos rendimentos - embora trabalhando muito - investem na sua formação e estão
sempre fazendo cursos que agreguem qualidade e conhecimento à sua profissão. E saber que o médico ou fisioterapeuta que me
atende é bem qualificado aumenta minha confiança nele, é óbvio. E, para mim, a
confiança é a base para qualquer relacionamento, inclusive entre médico/fisioterapeuta/paciente. Bem, eu penso
assim.
Graças a Deus tenho tido sorte. Não tenho do que reclamar
quanto à capacidade profissional de meus médicos e fisioterapeutas. Mas tenho
muito a protestar quanto à demora em agendar uma consulta e em ser atendida no
horário marcado. Uma tolerância de 15 a 20 minutos além da hora marcada, ainda
passa. Mas mais de uma hora? As pessoas têm compromissos! Isso é falta de
respeito, consideração e comprometimento.
Penso, sinceramente, que nós, usuários dos Planos de Saúde,
devemos apoiar nossos médicos e fisioterapeutas de alguma forma. Uma sugestão:
um abaixo-assinado aos Planos de Saúde, à ANS e ao Ministério da Saúde para que
elevem o valor das consultas/procedimentos, e que estes valores sejam baseados
em critérios como cursos de especialização e horas trabalhadas, por exemplo; e para
que paguem mensalmente os profissionais conveniados/associados - ou num espaço
de tempo bem menor do que o que está sendo praticado atualmente.
Então, o que vocês pensam sobre o assunto?
Nice Pinheiro
2 comentários:
Felizmente meu marido é aposentado pela Caixa Federal e conseguiu manter o Plano de Saúde Saúde Caixa.
Claro, para quem mora no interior como nós, é preciso marcar consulta em cidades vizinhas, maiores e mais importantes, mas, temos atendimento de boa qualidade.
Tem suas inconveniências. Meu marido precisou de um neurologista e pagou por uma consulta R$600,00 porque pelo convênio só teria vaga para dali a 8 (oito) meses, mas o restante do atendimento foi feito pelo convênio.
Mesmo assim acho que estamos melhor do que os aposentados que pagam outros convênios.
Olá Blogguinho, tudo bem? Com a lei que entrou em vigor em dezembro de 2011, os prazos para consulta, exames e internação devem ser cumpridos ou a operadora será multada. No caso do seu marido, o prazo era de 14 dias (veja an tabela abaixo). A pessoa que não conseguir marcar consulta com a prestadora credenciada no prazo previsto em lei, deve acionar a operadora para obter uma alternativa ao atendimento solicitado.
Segundo a ANS, neste caso, a escolha do profissional não será do consumidor. A operadora marcará a consulta ou procedimento com o profissional da área solicitada que tiver disponibilidade.
Em caso de descumprimento da norma pela operadora, a orientação é procurar a ANS para uma reclamação. É preciso apresentar o protocolo de atendimento que ateste ter havido contato com a operadora.
Há ainda previsão de multa de R$ 80 mil para a operadora que desrespeitar os prazos.
Outras penalidades previstas para as operadoras vão da suspensão da comercialização de parte ou de todos os produtos oferecidos ao afastamento dos dirigentes da empresa.
O consumidor pode registrar sua reclamação em caso de falta de atendimento pelo telefone 0800 701 9656, das 8h às 20h, de segunda a sexta ou pela página da ANS na internet.
Transporte
O cliente poderá ser atendido na localidade que exigir, desde que esta esteja dentro da área de abrangência do plano. As novas regras da ANS exigem que os planos de saúde garantam transporte caso não haja oferta de rede credenciada no município onde estiver o cliente da operadora.
Também será assegurado transporte ao acompanhante de beneficiários menores de 18 anos e maiores de 60, pessoas portadores de deficiência e pessoas com necessidades especiais que tenham declaração médica que ateste a condição.
VEJA OS PRAZOS DE ATENDIMENTO DEFINIDOS PELA ANS
Serviço Prazo máximo
Pediatria, clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia 7 dias
Consultas nas demais especialidades médicas 14 dias
Consulta com fonoaudiólogo 10 dias
Consulta com nutricionista 10 dias
Consulta com psicólogo 10 dias
Consulta com terapeuta ocupacional 10 dias
Consulta com fisioterapeuta 10 dias
Consultas e procedimentos realizados em consultórios ou clínicas com cirurgião-dentista 7 dias
Diagnóstico em laboratório de análises clínicas em regime ambulatorial 3 dias
Demais serviços de diagnóstico em regime ambulatorial 10 dias
Procedimentos complexos 21 dias
Atendimento em regime de hospital 10 dias
Atendimento em regime de internação eletiva 21 dias
Urgência e emergência Imediato
Consulta de retorno A critério
do profissional de saúde
Espero que seu marido não precise de uma próxima consulta. Mas, se acontecer, exija o cumprimento da lei, ou seja, o máximo de 14 dias. Ou acione a operadora para que ela providencie outro especialista e transporte, caso não seja em sua cidade.
Obrigada pela participação!
beijão
Nice Pinheiro
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